Diferenças entre gordura, proteína e carboidrato

Você sabe dizer as diferenças entre gordura, carboidrato e proteína? Qual a finalidade em termos nutricionais ou as funções em nosso corpo?

Em primeiro lugar, fazem parte do que denominamos de macronutrientes.

Os carboidratos, os lipídios (gorduras) e as proteínas são macronutrientes presentes nos alimentos para o fornecimento de energia.

Essa energia será utilizada para as funções vitais do organismo: como a circulação sanguínea, a respiração, a produção de proteínas, a renovação das células e também o trabalho físico.

Esses macronutrientes devem estar presentes de forma equilibrada em um plano alimentar que busca promover uma alimentação saudável, afinal, exercem papéis diferentes e fundamentais para o bom funcionamento do organismo.

Vamos conhecer um pouco mais?

Resumo:

As gorduras, proteínas e os carboidratos são macronutrientes presentes nos alimentos para o fornecimento de energia. Devem fazer parte da dieta de forma equilibrada pois cada um exerce uma função para o bom funcionamento do nosso corpo.

Diferenças entre gordura, proteína e carboidrato

1. Gorduras

Os lipídios são moléculas orgânicas formadas a partir de ácidos graxos e triacilglicerol e desempenham importantes funções, entre elas:

  • proteção mecânica dos órgãos presentes no corpo humano
  • isolamento térmico
  • síntese e transporte de substâncias vitais
  • produção de energia.

Nesse sentido, são as biomoléculas mais energéticas, uma vez que 1 grama de gordura contém cerca de 9 calorias de energia, mais que o dobro da capacidade armazenadora de energia dos carboidratos e proteínas.

Gordura e energia

Assim sendo, a maior parte da gordura fica disponível para a produção de energia, especialmente durante o exercício prolongado.

Os nutrientes em excesso, que não as gorduras, são transformados prontamente em gorduras para serem armazenados.

Dessa forma, a gordura funciona como principal depósito do excesso de energia alimentar.

À semelhança do que ocorre com os carboidratos, a utilização de gorduras como combustível poupa proteínas para suas importantes funções de síntese e reparo dos tecidos.

Cerca de 30% do valor calórico total de uma dieta “tradicional” é composta por esse macronutriente.

Porém, apesar desse grande potencial em armazenamento de energia, a velocidade de oxidação (quebra) das mesmas para a produção de energia, principalmente em exercícios intensos de curta duração, é menor do que a dos carboidratos.

Por isso, quando o organismo necessita de maior quantidade de energia por unidade de tempo, utiliza os carboidratos.

Já nos exercícios de resistência (como corrida ou ciclismo), os lipídios passam a ser responsáveis pela maior produção de energia.

Alimentos fonte de gordura

Os principais alimentos fonte de gorduras boas (gorduras insaturadas) são:

Resumo:

A gordura é o macronutriente mais calórico, sendo 1 grama igual a 9 calorias. Elas são fonte de energia de longa duração, por isso em casos que precise de energia rápida melhor optar por carboidratos. Os alimentos que contém gordura são: castanhas e oleaginosas em geral, abacate, sementes como linhaça e girassol, azeite, etc.

2. Proteínas

As proteínas são as mais abundantes macromoléculas biológicas e representam o principal componente estrutural e funcional de todas as células do organismo.

São constituídas a partir da junção de vários aminoácidos, dentre eles aqueles que chamamos de:

  • essenciais (portanto, temos que adquiri-los via alimentação uma vez que não os produzimos);
  • não essenciais (os quais o corpo é capaz de produzir).

Eles se formam, de maneira geral, através das ligações peptídicas.

Em geral, a indicação de ingestão diária de proteína para indivíduos saudáveis é de 15 a 20% do valor calórico total ou 0,8g a 1,2g/kg de peso/dia.

Proteína e energia

Em oposição aos lipídios e/ou carboidratos, as proteínas não são uma fonte primordial de energia.

Suas principais funções no organismo estão:

  • na formação e manutenção da saúde dos tecidos corporais, como as unhas, o cabelo, a pele e os músculos (inclusive, propiciando a sua contração);
  • na defesa do organismo;
  • na produção de substâncias essenciais para o corpo, como os hormônios e as enzimas.

Exemplificando de forma simples, é como se a proteína fosse muito importante e “cara” ao organismo, assim sendo, só será utilizada como fonte de energia em situações de extrema escassez dos demais macronutrientes.

Sem dúvida existe uma circunstância em especial na qual as proteínas são utilizadas para produção de energia: o jejum!

Durante o jejum o nosso corpo precisa manter as funções vitais, para isso o metabolismo lança mão de vários meios para recrutar energia.

É entre as proteínas corporais, especialmente as do músculo esquelético, que se obtêm a maioria do substrato necessário para o saldo de síntese de glicose, ou seja: nas fases iniciais do jejum há degradação proteica.

Por outro lado, se a privação alimentar durar além de alguns dias, a degradação proteica cai e outras vias para adquirir energia também são ativadas.

Após 2 a 3 dias de jejum, o cérebro se adapta à utilização de outra fonte de energia que não exclusivamente a glicose.

Portanto, é possível concluir a importância em manter o consumo adequado de proteínas.

Alimentos fonte de proteína

Como alimentos fonte de origem animal podemos citar:

  • carne bovina
  • suína
  • aves
  • peixes
  • ovos
  • leites
  • queijos
  • iogurtes.

Como alimentos fonte de origem vegetal podemos citar:

As fontes de origem animal são chamadas de proteínas de alto valor biológico, ou seja, apresentam melhor pool (composição) de aminoácidos em relação às fontes proteicas vegetais.

Para melhorar esse pool de aminoácidos dos alimentos de origem vegetal é essencial ter uma alimentação variada e combinar os alimentos em uma mesma refeição, como é o caso do arroz com feijão (complementação da proteína de um cereal com a proteína de uma leguminosa).

Resumo:

As proteínas tem como função principal a formação e manutenção dos tecidos corporais, como as unhas, o cabelo, a pele e os músculos. Também ajudam a dar energia durante o jejum. Suas fontes alimentares animais são carnes em geral, ovos, queijos, leite; e fontes vegetais são leguminosas como feijão, ervilha, grão de bico e as castanhas.

3. Carboidratos

Os carboidratos são compostos que os representantes mais simples são chamados de açúcares, como, por exemplo, a glicose.

Carboidratos e energia

Os carboidratos são compostos extremamente abundantes na natureza, sendo superados apenas pela água.

É a principal fonte de energia utilizada pelo nosso organismo e também o único combustível utilizado por todas as células do nosso corpo.

A glicose é o açúcar mais conhecido e comumente citado.

Por sua vez é, quantitativamente, o principal substrato oxidável para a maioria dos organismos.

Praticamente todas as células são potencialmente capazes de atender suas demandas energéticas apenas a partir deste açúcar.

Apesar da dieta humana conter pouca glicose livre, esta aparece em proporções consideráveis como amido, sacarose e lactose.

Dessa forma, são amplamente consumidos na dieta humana, perfazendo aproximadamente 50% das necessidades energéticas de indivíduos ocidentais e cerca de 60% entre a população de países em desenvolvimento.

Ainda, os carboidratos constituem componentes importantes na dieta de praticantes de atividade física e atletas que objetivem melhora de performance, recuperação e fadiga.

Atualmente, os efeitos do consumo de diferentes tipos de carboidratos sobre a saúde humana vêm sendo exaustivamente discutidos.

Tais reflexões têm levado à elaboração de diferentes recomendações para esse macronutriente de acordo com o objetivo de cada abordagem nutricional.

Classificação dos carboidratos

Nesse sentido, os carboidratos podem ser classificados de diversas formas, desde o número de carbonos:

  • Monossacarídeos:

Como principais representantes temos: glicose, frutose, xilulose, galactose, desoxirribose.

  • Dissacarídeos:

Sendo os principais representantes: sacarose, lactose, isomaltose, maltose.

Uma vez que, mono e dissacarídeos possuem sabor adocicado, são frequentemente adicionados aos alimentos com a finalidade de melhorar o sabor, dar viscosidade e textura e até mesmo aumentar a vida de prateleira do produto.

  • Oligossacarídeos:

Como exemplos desses sacarídeos pode-se citar: maltodextrina, estaquiose, inulina.

Os oligossacarídeos possuem propriedades funcionais.

Isso significa que produzem efeitos benéficos à saúde humana. Por exemplo, o consumo de oligossacarídeos promove: aumento da massa fecal; crescimento das bactérias benéficas da flora intestinal; propicia produção de ácidos graxos de cadeia curta, considerados como importante fonte de energia para as células da mucosa intestinal e responsáveis pela obtenção das condições ideias para a manutenção e sobrevivência de bactérias benéficas em detrimento das patogênicas.

  • Polissacarídeos:

Dentre eles temos: amido, pectinas, celulose, gomas, glicogênio.

Digestibilidade

  • Digeríveis:

São aqueles passíveis de sofrer degradação durante a digestão no trato gastro intestinal (amido, sacarose, lactose, maltose e isomaltose).

  • Parcialmente digeríveis:

Esses são potencialmente digeríveis, mas que, por alguma razão não sofrem digestão.

Essa classe é representada pelo amido resistente.

  • Indigeríveis:

Incapazes de sofrer degradação ao longo do processo digestivo.

Apesar de não serem digeridos, esses carboidratos podem sofrer o processo de fermentação pelas bactérias intestinais, desempenhando também importantes funções no organismo humano.

Como exemplo dessa classe temos: amido resistente, fibras alimentares e oligossacarídeos.

Fibras alimentares na nutrição humana

Constantemente escutamos esse termo e, na maioria das vezes, não sabemos que esse componente tão importante da dieta é classificado como carboidrato.

As fibras se enquadram na classe dos polissacarídeos (não amido).

Nesse sentido também possuem uma classificação específica:

  • Fibras dietéticas: refere-se aos carboidratos não digeríveis, intrínseco e intactos nas plantas;
  • Fibras funcionais: refere-se aos carboidratos não digeríveis, que podem exercer efeitos fisiológicos benéficos à saúde humana;
  • Fibras totais: somatório das fibras dietéticas e funcionais.

De maneira geral, os principais benefícios do consumo de fibras para a saúde humana são:

  • Normalização do perfil lipídico sanguíneo (colesterol total, e frações);
  • Redução da glicemia;
  • Efeito laxativo;
  • Melhora do trânsito e da microbiota intestinal.

Resumo:

Os carboidratos têm como função principal o fornecimento de energia. É encontrado em grande quantidade na natureza (raízes, grãos, frutas, verduras e legumes) e também de forma industrializada como macarrão, biscoitos, bolos, pães, doces etc. O tipo de carboidrato que consumimos vai interferir na nossa saúde e também na composição corporal. Dar preferência a carboidratos complexos como fibras e de fonte natural é a melhor opção.

Em resumo, cada macronutriente desempenha um papel essencial nas funções fisiológicas.

A falta prolongada de algum deles pode levar às carências nutricionais graves e em casos mais extremos até à manifestação de doenças.

Dessa forma, é importante sempre buscar o equilíbrio nutricional, que consequentemente levará a uma melhor qualidade de vida.

Portanto, se o objetivo é alimentação sudável e equilibrada, o mais apropriado é procurar um profissional competente para tal, sendo esse o nutricionista.

Referências:

  1. da Silva, S. M. C. S., Mura, J. D. P. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. Editora Roca, São Paulo. 2009.
  2. Westerterp-Plantenga, M. S.; Nieuwenhuizen, A. G.; Tome, D.; Soenen, S.; Wasterterp, K. R. Dietary protein, weight loss and weight maintenance. Annual review of nutrition. 2009, 29, 21-41. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19400750
  3. Paschoal, V.; Naves, A. Tratado de nutrição esportiva funcional. 1. ed. São Paulo: Editora Roca, 2014.
  4. Mahan, L.K., Escott-Stump, S. Krause : Alimentos, nutrição & dietoterapia. 10ª ed. São Paulo: Editora Roca, 2002.
  5. Salway, J. G. Metabolismo passo a passo. 3°ed. Campinas: Editora Artmed, 2009.
  6. Berne, R. M., Levy, M. N., Koeppen, B. M. & Stanton, B. A. Fisiologia (*), 5ª ed.,Rio de Janeiro: Ed. Elsevier,2004.

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