Já ouviu falar sobre o que é o Slow Food?

Se você deseja transformar sua relação com a comida de forma natural e saudável promovendo benefícios tanto à sua saúde quanto ao meio ambiente, é interessante que você conheça o movimento Slow Food.

“Slow”, em inglês, quer dizer “devagar”, e “Food” significa “comida”, ou seja, comer devagar!

Mas, seus princípios vão além do significado de seu nome, que sugere uma alimentação prazerosa com apreciação do alimento, sem pressa, e ainda é uma forma irônica de dizer não ao fast food.

O que é Slow Food?

O Slow Food é um movimento global sem fins lucrativos, presente em mais de 160 países, que procura relacionar o prazer da comida com o comprometimento e a responsabilidade com as pessoas e o planeta.

Esse movimento acredita em um mundo em que todas as pessoas sejam capazes de apreciar um alimento bom para si e sua saúde, bom para os produtores e bom para o meio ambiente.

Além disso, apoia uma ideia de “gastronomia nova” com a valorização do alimento bom, limpo e justo, ao contrário do que é o alimento industrializado e geneticamente modificado, como os transgênicos.

Acredita também que a gastronomia está associada à política, à agricultura e ao meio ambiente, e por isso participa ativamente de questões ligadas à agricultura e à ecologia mundiais.

“O alimento equivale ao prazer, equivale a consciência, equivale à responsabilidade”.

Dessa forma esse movimento defende:

  1.  A educação alimentar com uma abordagem multidisciplinar em relação à comida que nos permite viver da melhor forma possível, utilizando os recursos ao nosso alcance, sem desperdícios;
  2.  A qualidade com os coprodutores através de eventos e iniciativas;
  3. A biodiversidade no nosso planeta e a cultura alimentar de cada local.

SLOW FOOD: COMO TUDO COMEÇOU

Em 1986, um grupo liderado por Caio Petrini, realizou um protesto contra a abertura da primeira loja de um Fast Food na Itália. Esse grupo ofereceu naquela ocasião um prato de massa aos pedestres e se opunha política, filosófica e simbolicamente ao Fast Food.

A oferta de um alimento barato, muito calórico e sem valor nutricional era – e continua sendo – uma grande ameaça ao patrimônio alimentar do mundo.

Em 1989 foi oficializado o movimento Slow Food que evidencia o fato de que o que comemos influencia a nossa saúde e tudo a nossa volta, desde a biodiversidade, ao meio ambiente até as tradições culturais.

Atualmente o movimento conta com os mais diversos autores unidos à luta pelo alimento: agricultores, ativistas, acadêmicos, pesquisadores, pescadores artesanais, queijeiros, entre outros, de várias formações e classes sociais.

No Brasil, o movimento surgiu em 2000, com a fundação do Slow Food no Rio de Janeiro por Margarida Nogueira e hoje está presente em 5 macrorregiões, e conta com cerca de mais de 60 convívios, mais de 200 comunidades de alimentos e 10 grupos de trabalho.

DA QUALIDADE DO ALIMENTO PARA A QUALIDADE DA VIDA

A principal luta do movimento Slow Food é pela defesa dos alimentos tradicionais e sustentáveis de qualidade e pelos ingredientes primários; pela conservação de métodos de cultivo e pela preservação da biodiversidade.

O conhecimento das comunidades locais em harmonia com os ecossistemas que as rodeiam é a única forma de agricultura que pode oferecer uma perspectiva de desenvolvimento, sobretudo para as regiões mais pobres do mundo.

Com isso, esse movimento defende os locais de valor histórico, artístico ou social que formam parte da nossa herança alimentar, reconhecendo a história e a cultura de cada grupo social e as formas de atuarem em uma rede mais ampla de intercâmbio.

E consequentemente, defende e apoia a qualidade da vida!

EDUCAÇÃO ALIMENTAR E DO GOSTO

O Slow Food acredita que o alimento é a ferramenta ideal para experimentar e promover uma educação articulada e criativa dando valor a interdependência, ao meio ambiente e aos bens comuns.

A educação pode ser realizada nas escolas – com a prática de cursos e hortas – através da política em associações, nas cooperativas, centros culturais, famílias e demais ambientes.

Além disso, organizam diversos eventos todos os anos – do mercados de produtores locais, jantares até nas feiras internacionais – para fortalecer o relacionamento entre produtores e seus clientes coprodutores e também encontros internacionais, nacionais e regionais que contribuem com uma verdadeira troca de informações globais.

Considera a educação um direito de todos, em distinção de sexo, idioma, etnia e religião. Um direito acessível em qualquer lugar e qualquer idade, para que não se deixe a próxima geração o que podemos contribuir e melhorar hoje.

PROTEGENDO A BIODIVERSIDADE: AGROTÓXICOS E TRANSGÊNICOS

O  Slow Food é contra o uso de agrotóxicos e contra o plantio comercial de transgênicos e outros organismos geneticamente modificados (OGMs).

Os agrotóxicos utilizados empobrecem a biodiversidade, arruínam a soberania das comunidades rurais e favorecem o êxodo de agricultores que passam a ocupar áreas marginalizadas nos centros urbanos, o que resulta na perda de saberes e de variedades locais.

O Brasil é o segundo maior produtor de OGMs no mundo (quase todo o milho, soja e algodão produzidos no país são geneticamente modificados) e também é o maior consumidor de agrotóxicos, além de utilizar substâncias banidas de outros países devido ao perigo que apresentam.

O Slow Food entende que somos capazes de transplantar um gene de uma espécie para outra – por esse motivo não se opõe as pesquisas feitas pelas universidades ou órgãos públicos – porém, ainda não somos capazes de prever ou conter os resultados, que poderiam criar uma ameaça a nossa biodiversidade natural e agrícola.

Com isso, este movimento reforça a importância de uma comunicação transparente nos rótulos dos alimentos que contenham ingredientes geneticamente modificados e apoia que o consumidor tenha o direito a informação e liberdade de escolha: defende que o consumidor tenha direito de saber se o produto alimentício é ou não transgênico.

Para identificar os alimentos transgênicos basta observar se o rótulo dos produtos contém um símbolo representado pela letra “T” inserido em um triângulo amarelo.

PROTEGENDO A BIODIVERSIDADE: AGRICULTURA BASEADA NOS CONHECIMENTOS DAS COMUNIDADES LOCAIS

“Investir na agricultura de pequena escala é um bom negócio e uma boa oportunidade de desenvolvimento: estima-se que o desenvolvimento do setor agrícola seja três vezes mais eficaz na redução da pobreza do que o crescimento de outros setores”.

É assim que a Slow Food apoia a agricultura familiar e a produção artesanal. Também acredita que os agricultores de pequena escala podem garantir uma alimentação melhor para o planeta, mais saudável para as pessoas e ainda com qualidade e segurança alimentar.

E que a única forma de agricultura que pode oferecer uma perspectiva de desenvolvimento, sobretudo para as regiões mais pobres do mundo, é a agricultura baseada nos conhecimentos das comunidades locais em harmonia com os ecossistemas que as rodeiam.

Com isso, o Slow Food concorda com os princípios por trás da agricultura orgânica, que causam baixo impacto no meio ambiente e redução do uso de pesticidas, no entanto, também argumenta que a agricultura orgânica, quando praticada extensivamente, é semelhante às colheitas de monoculturas convencionais, e, portanto, a certificação orgânica por si só não deve ser considerada como um sinal de confiança de que o produto é produzido de forma sustentável.

Apesar dos pesares, o Brasil é um exemplo na agricultura, principalmente a agricultura familiar, pois 70% dos alimentos que chegam as mesas de quase 200 milhões de brasileiros todos os dias é proveniente da agricultura familiar.

A agricultura familiar é uma forma de organização da produção agrícola onde ocorre a interação entre gestão e trabalho no estabelecimento rural e as atividades que ali se desenvolvem são gerenciadas por uma família, com predominância na mão de obra familiar, incluindo homens e mulheres.

Sua principal função é garantir a segurança alimentar, preservando os alimentos tradicionais, ajudando a combater a fome no mundo e produzindo uma dieta equilibrada a partir de alimentos produzidos e consumidos localmente.

COMUNICAÇÃO E SLOW FOOD

E aí? Se interessou pelo movimento Slow Food e gostaria de aderir a esta filosofia à sua vida?

Procure se informar no seu estado e cidade quais são os alimentos locais e da época, procure pelas feiras locais e orgânicas, converse com os comerciantes, opte pela agricultura familiar.

E ainda, se preferir, você pode se associar a um convívio Slow Food na sua cidade!

Para saber mais, acesse os sites do Slow Food Brasil e Slow Food Internacional

Confira também o Manual do Slow Food e o Almanaque Slow Food

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