O que são adaptógenos, seus benefícios e como utilizar

Os adaptógenos ou resistógenos são plantas que atuam como biorreguladores naturais aumentando a capacidade do organismo de se adaptar à diversas situações de estresse e reduzir os danos decorrentes desses, buscando recuperar o equilíbrio do corpo.

Conheça quais são os principais adaptógenos, seus benefícios para a saúde e como utilizá-los!

O que são adaptógenos

Os adaptógenos são plantas ou substâncias que podem melhorar a resposta do organismo ao estresse, prevenir doenças e auxiliar no tratamento de condições específicas que prejudiquem a saúde, assim como os fitoterápicos, que são considerados drogas feitas exclusivamente com matérias-primas de origem vegetal, com mecanismo de ação e riscos conhecidos.

O termo adaptógeno surgiu na ex-União Soviética para classificar plantas ou outras substâncias utilizadas por muito tempo para manter o bom funcionamento do organismo e foi reconhecido como expressão funcional pela Food and Drugs Administration (FDA) em 1998, mas não foi aceito pela medicina provavelmente pela dificuldade em diferenciar as drogas adaptógenas das imunoestimuladoras, nootrópicas, anabolizantes, e tônicas.

Mas a principal diferença entre as plantas adaptógenas e os fitoterápicos é a inexistência de um mecanismo de ação bem conhecido pelos estudos científicos. Enquanto a maioria das drogas vegetais tem os locais e formas de atuação no organismo determinada, acredita-se que as plantas adaptógenas atuem por diversos sistemas, que em conjunto são responsáveis pelos seus efeitos benéficos e protetores.

Além de auxiliar no alcance da homeostase, que é o equilíbrio do organismo, os adaptógenos proporcionam ao corpo uma boa recuperação, procurando fortalecer a vitalidade ao mesmo tempo em que promove o bem estar.

O uso de muitas destas plantas é comum em países do leste asiático como China, Índia, Coréia e Japão visando manter um estado de bem estar físico e psíquico, mas embora sejam parte da medicina tradicional oriental continuam desconhecidos por boa parte da população dos países ocidentais, inclusive dos médicos e pesquisadores.

Em 1947 o cientista russo Nikolai Lazarev definiu os adaptógenos como “uma classe de substâncias que aumentam um estado de resistência inespecífica do organismo, após contato com fatores estressantes diversos, promovendo um estado de adaptação à situações excepcionais.” Já o seu sucessor Israel Brekhman estabeleceu que para ser um adaptógeno a planta deveria obedecer à três critérios:

  1. Ser inócua, ou seja, não representar riscos à saúde e não influenciar o funcionamento do organismo mais do que o necessário, o que significaria que em um indivíduo saudável e não submetido a estresse, um adaptógeno não deveria produzir efeitos.
  2. Mostrar uma atividade não específica, isto é, aumentar o poder de resistência do organismo em relação a agentes nocivos de natureza física (calor, frio, variáveis de pressão, etc.), química (venenos e substâncias tóxicas) e biológica (vírus e bactérias).
  3. Ter uma influência normalizadora ou estabilizadora sobre o organismo, independente das mudanças que podem ocorrer no estado da doença, anterior ao uso da planta. Por exemplo, um adaptógeno deve ser capaz de aumentar a resistência tanto ao calor, como ao frio.

Só que estes critérios foram contestados depois com o avanço dos estudos, porque entre outras coisas, os pesquisadores identificaram que os adaptógenos podem sim promover alterações no organismo de pessoas saudáveis.

Por isso um novo conceito foi proposto pelos estudiosos Hildebert Wagner e Alexander Panossian, da Alemanha e Armênia, respectivamente, que define os adaptógenos como “biorreguladores naturais que aumentam a habilidade do organismo em adaptar-se a fatores ambientais e evitar danos decorrentes destes fatores”.

Para compreender melhor essa capacidade de adaptação dessas plantas medicinais é importante que você conheça a Síndrome de Adaptação Geral (SAG) proposta pelo famoso endocrinologista húngaro Hans Selye que definiu o estresse como um estado de perturbação da homeostase, que provoca no organismo um conjunto de alterações características, independente da natureza do estímulo estressor.

Essas alterações que constituem a própria resposta ao estresse, podem ser divididas em três fases:

  • Alarme – resposta imediata do organismo ao estresse que se caracteriza pela estimulação do sistema simpático e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal;
  • Resistência – estado em que o indivíduo consegue responder adequadamente ao estressor, sem grandes prejuízos para o funcionamento de seu organismo;
  • Exaustão – quando a duração e/ou a intensidade do estresse é muito grande, o corpo não consegue responder de modo adequado ao estressor e o organismo fica sujeito a danos que incluem descontrole hormonal e redução acentuada do funcionamento do sistema imunológico, entre outros.

A maior e mais importante função dos adaptógenos é tornar ótima a resposta do organismo ao estresse, diminuindo as reações negativas da fase de alarme, e eliminando, ou pelo menos amenizando o estabelecimento da fase de exaustão.

Resumo: 

Os adaptógenos são plantas medicinais que atuam como biorreguladores naturais capazes de aumentar a capacidade de adaptação do organismo à situações de estresse e os danos dele decorrentes, sendo capazes de manter ou melhorar o estado de saúde, além de prevenir ou auxiliar no tratamento de diversas doenças.

Quais os benefícios dos adaptógenos para a saúde

No entanto, o combate ao estresse e seus danos não são a única indicação dos adaptógenos! Eles são usados em longo prazo visando a manutenção de um estado saudável, para melhorar ou atenuar alguns distúrbios e males decorrentes do envelhecimento, como déficits de memória e atenção, cansaço e fraqueza geral, impotência sexual, etc.

Além disso, as plantas adaptógenas também podem ser utilizadas por pessoas sadias, não apenas para prevenir doenças, mas para melhorar o desempenho físico e cognitivo.

Os principais mecanismos de ação dessas plantas envolvem as glândulas hipotálamo, hipófise e adrenal, responsáveis pela liberação de hormônios que regulam reações do organismo essenciais à vida como o sono, o apetite e o humor, por exemplo. Elas tem o poder de aumentar a capacidade do sistema nervoso central para ativar ou desativar a atividade de substâncias que funcionam como mediadores da resposta ao estresse.

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Entre estes mediadores estão os corticosteróides, como o cortisol que age no controle do metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras e tem ação anti-inflamatória, as catecolaminas como a adrenalina e a noradrenalina, envolvidas nas respostas de “luta ou fuga”e o óxido nítrico que age como neurotransmissor, enviando mensagens entre as células nervosas, combate bactérias e melhora o fluxo sanguíneo.

A partir disso, dá para percebermos como o nosso organismo pode ser prejudicado e não se recuperar com tanta facilidade, quando não está preparado para reagir a situações de estresse, não apenas as mais drásticas como infecções, traumas, hemorragias, mas também as menos valorizadas como o cansaço físico e emocional, problemas do dia a dia, repouso insuficiente, entre outros.

Passar por esses fatores estressantes desregula a liberação e a ação dessas importantes substâncias responsáveis por manter o nosso corpo na ativa e funcionando bem e é aí que as plantas adaptógenas podem agir promovendo um efeito que gera um estresse suave, estimulando uma ação contínua e adequada dos mediadores, para evitar que eles sejam convocados de forma “agressiva” pelo corpo, quando surge a necessidade e desequilibrem tudo.

A atividade imunoestimulante que fortalece e estimula o sistema imunológico a se defender de agentes causadores de doenças e a atividade antioxidante, que protege o organismo contra os danos dos radicais livres e o envelhecimento precoce estão entre os outros sistemas pelos quais os adaptógenos podem favorecer a saúde e o bem estar.

Conheça algumas das mais utilizadas plantas adaptógenas e seus principais benefícios para o organismo!

Ginseng

O Ginseng, é a raíz de Panax ginseng, do grego Panax que é derivada de panacéia, o que significa cura-tudo. De origem asiática, a planta é considerada o adaptógeno com o maior número de estudos comprovando sua eficácia, sendo indicada como tônico geral, preventivo contra esgotamento físico e mental, para melhora do desempenho e resistência física, melhora das funções cognitivas, como imunomodulador, anti estresse, afrodisíaco, útil na disfunção erétil e como medicamento geriátrico para melhorar a disposição física em geral.

Rhodiola rósea

A Rhodiola rósea é uma planta que cresce principalmente em solo arenoso seco em altas altitudes nas áreas Árticas da Europa e da Ásia, conhecida como “raiz de ouro”, e costuma ser usada tradicionalmente como estimulante para aumentar a energia. Além dessa propriedade, esse adaptógeno é usado para prevenir o stress, atuando como um “tônico cerebral” e por isso é utilizado em vários sistemas tradicionais para o tratamento de ansiedade e depressão. Também auxilia na melhora de dores de cabeça e do pulmão, para eliminar a fadiga e melhorar a capacidade de trabalho.

Maca Peruana

A maca peruana ou Lepidium meyenii é uma raiz rica em carboidratos, fibras, proteínas, ácidos graxos essenciais e vitaminas do complexo B, reconhecida pela FAO (Food and Agriculture Organization) das Nações Unidas pelo seu valor nutricional e é amplamente utilizada na medicina complementar para tratar infertilidade, redução de libido, falta de vigor físico (combatendo as dores musculares), distúrbios da memória e sintomas da menopausa. A planta pode ajudar ainda no tratamento de hiperplasia benigna de próstata e osteoporose, para otimizar o metabolismo e prevenir os sinais de envelhecimento.

Ashwagandha

A Ashwagandha ou Ginseng indiano, tem sido utilizada há séculos pela medicina ayurvédica para aumentar a longevidade e vitalidade. Pesquisas comprovam que os constituintes terapêuticos dessa planta apresentam atividade antioxidante, antitumoral, anti inflamatória, afrodisíaca, estimulante, imunomoduladora e anti estresse. Por isso, tem-se mostrado eficaz no tratamento coadjuvante dos sintomas do estresse, depressão e ansiedade em indivíduos saudáveis e excelente efeito neuroprotetor, sendo uma alternativa para auxiliar no tratamento de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer e o Parkinson.

Ginco biloba

A Ginco biloba ou Ginkgo biloba L. é uma árvore de origem oriental, com folhas que apresentam efeitos característicos de uma planta adaptógena. A “ginco” atua no metabolismo cerebral, aumentando o fluxo sanguíneo em diversas estruturas, diminui a viscosidade sanguínea, além de possuir propriedades antioxidantes que combatem os radicais livres. Atua também melhorando a aprendizagem, o desenvolvimento psicomotor e a memória, inclusive em idosos e pacientes com Alzheimer.

Resumo:

Ao atuar por diversos mecanismos de ação para alcançar o equilíbrio do organismo, os adaptógenos como o Ginseng, a Rhodiola rósea, Ginco biloba, a Ashwagandha, a Maca peruana, entre outros, podem ser utilizados para melhorar a capacidade de memorização, a circulação, regular o sistema endócrino, como efeito neuro protetor, anti-inflamatório e estimulante do sistema imunológico, melhorando a resposta do organismo frente às infecções por micro-organismos e/ou outros agentes causadores de doenças.

Utilização como suplementos alimentares

Os adaptógenos são utilizados também como suplementos alimentares, por suas propriedades nutricionais, além das terapêuticas. Mas é preciso estar atento, pois a adulteração desses fitoterápicos é muito comum, comprometendo os benefícios que eles poderiam trazer à saúde, além de trazer riscos causados pelo desconhecimento das outras substâncias misturadas à planta.

Os cuidados com o uso dos adaptógenos como suplementos também devem incluir a obediência da dose e frequência de uso corretas, que variam de acordo com a planta, o objetivo de uso e as particularidades de quem vai utilizá-la. Essas plantas medicinais demonstraram ter maior eficiência com o uso contínuo, e diferente dos medicamentos tradicionais, podem agir na prevenção e tratamento de diversas doenças e não apenas de um mal.

As plantas adaptógenas têm grande potencial para manter um bom estado de saúde ou melhorá-la hoje em dia, já que a maioria das pessoas tem o ritmo de vida acelerado, sobrecarga de trabalho, são sedentárias e não seguem uma alimentação adequada, fatores que contribuem para o aumentar o nível de estresse, fadiga, de doenças neurológicas, endócrinas e cardiovasculares, além de distúrbios no sistema imunológico.

Procure uma loja de produtos naturais de confiança ou uma farmácia de manipulação e analise a possibilidade de incluir um desses ou outros adaptógenos disponíveis na natureza de acordo com o que você deseja manter ou aprimorar na sua saúde e procure o seu médico ou nutricionista para apoiá-lo na decisão de iniciar o uso dessa planta e adequá-la às suas necessidades e ao seu dia dia!

Os resultados com o uso de adaptógenos podem variar de pessoa para pessoa e algumas dessas e outras plantas precisam de mais pesquisas realizadas com seres humanos para comprovar sua eficiência. Apesar do baixo risco de toxicidade da maioria dos adaptógenos, esteja ciente dos riscos e contraindicações de qualquer fitoterápico antes de iniciar o seu uso e nunca o faça, sem o suporte de uma profissional de saúde qualificado.

Leia também: Fitoterápicos: o que são, benefícios e como usar com segurança!

Referências:

  1. Sociedade Brasileira de Medicina Farmacêutica (SBMF). Plantas adaptógenas. Autor: Fúlvio Rieli Mendes. Agosto, 2016. Disponível em: http://docplayer.com.br/48446626-Plantas-adaptogenas-agosto-2006.html
  2. Barbosa, W. W. Plantas adaptógenas: uma alternativa no combate ao estresse e fadiga mental. 2017. 27 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Unime, Lauro de Freitas, 2017. Disponível em https://repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/15461/1/WILLIAN%20WILBER%20SACRAMENTO%20BARBOSA.pdf
  3. Sequeira, E.B. Plantas com ação adaptogênica usadas no combate ao stress: Panax ginseng e Rhodiola rosea. Monografia do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas apresentada à Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Setembro, 2013. Disponível em https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/32316/1/Monografia%20Eliana%20Sequeira.pdf
  4. Shah, S.; Saravanan, R.; Gajbhiye, N.A.Phytochemical and physiological changes in Ashwagandha (Withania somnifera Dunal) under soil moisture stress. Braz. J. Plant Physiol. vol.22 no.4 Londrina 2010. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04202010000400005

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