Para que serve chá de boldo? Ele emagrece? É bom para o fígado? Saiba mais

Conhecido popularmente como boldo, esta planta é amplamente utilizada em todo o mundo na medicina popular como remédio contra má digestão e doenças no fígado.

Além do uso popular, preparações a base de boldo são descritas em vários textos oficiais de farmacologia, como as farmacopéias oficiais do Brasil, Chile, Alemanha, Portugal, Romênia, Espanha e Suíça. O boldo é também empregado na medicina homeopática.

No entanto, apesar de ser uma planta mundialmente conhecida, é comum a confusão entre os vários seus tipos:

Diferentes tipos de boldo…

Comumente acredita-se que aquele boldo plantado no quintal de casa seja o boldo-do-chile (Puemus boldus), no entanto, essa planta não é assim tão comum no Brasil. Por aqui, é mais comum a ocorrência de outras duas variedades, que embora não sejam o P. boldus, também são chamadas pelo mesmo nome popular, e são elas:

Boldo-brasileiro (Plectranthus barbatus)

O boldo-brasileiro (Plectranthus barbatus) é uma planta medicinal também conhecida como boldo-do-Brasil, boldo-de-jardim, boldo-da-terra, boldo-silvestre, boldo-falso, malva-amarga, malva-santa, tapete-sete-dores, tapete-de-oxalá, coleus (inglês), cóleo (espanhol), dentre outros nomes populares.

Inclui os sinônimos botânicos Coleus barbatus, Coleus forskohlii e Plectranthus forskohlii. Pertence à família Lamiaceae.

Composição e efeito terapêutico do boldo-brasileiro

Em sua composição estão presentes os óleos voláteis (guaieno, fenchona), flavonoides, os diterpenos (coleonol, forskolin), aos quais são dadas as principais características farmacológicas, sendo elas, auxílio na diminuição da pressão arterial, no bom funcionamento dos batimentos cardíacos, função anti-metástase, antitumoral e anti-inflamatória.

História e curiosidades

O boldo-brasileiro é uma das espécies mais importantes do gênero Plectranthus, com uma grande variedade de usos medicinais tradicionais em hindu, bem como na medicina popular do Brasil, África Tropical e China.

É uma planta herbácea que chega até até 1,5 metros de altura. Suas folhas são simples, medindo de 5 a 8cm.

Originalmente da Índia, é encontrada no mundo inteiro, inclusive em todo o território brasileiro.

A espécie Plectranthus barbatus faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), constituída de espécies vegetais com potencial de avançar nas etapas da cadeia produtiva e de gerar produtos de interesse do Ministério da Saúde do Brasil.

Boldo-baiano (Vernonia condensata)

Vernonia condensata é uma planta medicinal também conhecida como boldo-baiano, boldo-japonês, boldo-chinês, boldo-africano, boldo-goiano, boldo-de-Goiás, boldo, acumã, alumã, aloma, aluman, luman, árvore-do-pinguço, fel-de-índio, heparém, dentre outros nomes populares.

Inclui os sinônimos botânicos Vernonia bahiensis, Vernonanthura condensata Baker e Vernonia sylvestris. Pertence à família Asteraceae.

Composição e efeito terapêutico do Boldo-baiano

Esta variedade possui um composto conhecido como vernonioside B, que foi sugerido como um dos princípios ativos da atividade analgésica, ou seja, compostos que diminuem ou interrompem as vias de transmissão nervosa, reduzindo a percepção de dor.

Acredita-se que essa espécie de boldo também ajuda no tratamento da anorexia, anemia, inflamações e problemas de bexiga.

Porém, vale ressaltar que em doses elevadas o boldo baiano pode ser irritativo para a mucosa gastrointestinal!

História e curiosidades

O boldo-baiano é uma planta medicinal de origem africana, trazida ao Brasil por escravos durante o período colonial.

Em algumas religiões afro-brasileiras, o boldo é considerado uma planta sagrada.

A espécie Vernonia condensata faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS).

Boldo-do-chile

O boldo-do-Chile (Peumus boldus) é uma planta medicinal também conhecida como boldo-medicinal, boldo, boldu, boldus, boldoa, boldina, baldina e molina. Inclui os sinônimos botânicos Boldea fragrans e Peumus fragrans. Pertence a família Monimiaceae.

O boldo-do-Chile sempre foi utilizado na medicina popular chilena e peruana para tratar problemas no fígado, intestino e problemas da vesícula biliar.

Ainda, artigos científicos demonstraram que esse tipo de boldo possui propriedades medicinais para expulsar vermes intestinais, curar insônia, reumatismo, cistite, resfriado, hepatite, prisão de ventre, flatulência, má digestão e cálculos biliares, além de ser considerado um diurético natural.

História e curiosidades

O boldo-do-Chile é uma erva nativa da América do Sul. É uma árvore perene arbustiva de crescimento lento, que produz pequenos frutos.

Cada espécime possui apenas um sexo e, portanto, mudas de diferentes sexos devem ser plantadas próximas umas das outras, para estimular a reprodução.

É encontrado nas regiões andinas do Chile e do Peru, mas também cresce selvagem em algumas regiões do Marrocos.

É cultivada na Itália, Brasil e norte da África, vez que a demanda por suas folhas medicinais é muito alta.

Contraindicações e efeitos colaterais do boldo-do-Chile

Certamente é preciso lembrar que apesar de ser “natural” deve ser consumido com cautela!

Por exemplo, pessoas com cálculos biliares devem procurar aconselhamento de um profissional de saúde qualificado antes de se automedicarem com boldo-do-Chile. Isso porque a erva agindo sobre a vesícula biliar pode induzir a liberação das pedras rapidamente, o que por sua vez pode causar uma obstrução nos ductos biliares abaixo da vesícula ou até mesmo uma pancreatite que por sua vez pode ser fatal.

Ademais, o boldo-do-Chile demonstrou ser abortivo e causou defeitos congênitos em estudos com animais, portanto, não deve ser usado durante a gravidez ou fase de amamentação.

Ainda, os constituintes químicos presentes no boldo-do-Chile reduzem a agregação plaquetária, portanto, pacientes que fazem uso de medicamentos anticoagulantes ou que possuem doenças como hemofilia ou trombocitopenia não devem consumir o chá de boldo-do-Chile.

Quando consumido em pequenas quantidades e em combinação com outras ervas é melhor aproveitado além de amenizar os possíveis efeitos colaterais.

Doses elevadas devem ser evitadas!

Boldo promove emagrecimento?

Ao boldo tem sido atribuído também benefícios com relação ao controle e perda de peso.

Surpreendentemente, na década de 1970 foi descoberto que ele continha um composto denominado forskolin (forskolina ou forscolina) em seu extrato.

Este composto é conhecido por possuir vários efeitos benéficos e pesquisas realizadas sugeriram que a substância forskolina pode “liberar” ácidos graxos a partir de tecido adiposo, o que resulta em aumento da termogênese (geração de calor no corpo), resultando na perda de gordura corporal.

Por fim, pode-se concluir que:

  • O chá de boldo melhora o metabolismo gástrico e hepático;
  • Melhora o sistema digestivo, assegurando que o mesmo funcione adequadamente;
  • “Purifica” o sistema digestivo, agindo portanto como um depurativo;
  • Age como diurético.

Porém, vale lembrar que uma alimentação equilibrada e hábitos saudáveis são essenciais para que haja um bom funcionamento do organismo e que chás e fitoterápicos agem como adjuvantes e potencializadores de boas escolhas alimentares!

Referências:

  1. Plectranthus barbatus Andr. (Lamiaceae) – Texto extraído do Boletim PLANFAVI (Sistema de Farmacovigilância de Plantas Medicinais)
  2. Alasbahi, Rawiya H., and Matthias F. Melzig. “Plectranthus barbatus: a review of phytochemistry, ethnobotanical uses and pharmacology–part 1.” Planta medica 76.07 (2010): 653-661.
    Plectranthus barbatus Andrews (Boldo-brasileiro). Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20178070
  3. Risso, Wagner E., Ieda S. Scarminio, and Estefania G. Moreira. “Antinociceptive and acute toxicity evaluation of Vernonia condensata Baker leaves extracted with different solvents and their mixtures.” (2010). Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21341539
  4. Monteiro, M. H. D., et al. “Toxicological evaluation of a tea from leaves of Vernonia condensata.” Journal of Ethnopharmacology 74.2 (2001): 149-157. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11167033
  5. Peumus Boldus. Duke’s Handbook of Medicinal Plants of Latin America. James Duke.
  6. Ruiz, A. L. T. G. et al . Farmacologia e Toxicologia de Peumus boldus e Baccharis genistelloides. Rev. bras. farmacogn.,  João Pessoa ,  v. 18, n. 2, p. 295-300, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-695X2008000200025

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