Tudo sobre o café orgânico e razões para consumi-lo

O café é um grão originário do continente africano e, ao longo dos anos, foi difundido por todo o mundo, tornando-se uma das bebidas mais consumidas.

A cafeína, substância presente em quantidade significativa no café, é muito procurada por sua função estimulante do sistema nervoso central.

No entanto, existem diversas variedades de café e uma delas é a sua versão orgânica. Todos os alimentos orgânicos são livres de agrotóxicos e outros produtos sintéticos, e com o café não é diferente. Mas a agricultura orgânica vai além do produto final e do consumo. O processo produtivo do cultivo de café e dos alimentos orgânicos, como um todo, é diferente dos alimentos tradicionais por várias razões.

Alimentos Orgânicos

Ser orgânico significa, de maneira bem simples, ser o mais “natural” possível. Os alimentos in natura (obtidos diretamente de plantas ou animais) ou minimamente processados (in natura que sofreram limpeza, remoção de partes indesejáveis, fracionamento, moagem…) podem ser encontrados em sua forma convencional ou orgânica.

A forma orgânica é baseada em técnicas que não utilizam pesticidas sintéticos, fertilizantes químicos, medicamentos veterinários, organismos geneticamente modificados, conservantes, aditivos e irradiação.

A produção de um alimento orgânico sempre leva em consideração as condições regionais do ambiente em que está sendo cultivado e a necessidade de adaptar os sistemas de produção para que funcione naquele local.

Produzir alimentos de maneira local exige maior engajamento de mão de obra. Ao comprar esse tipo de alimento, o consumidor está contribuindo para o fortalecimento da agricultura familiar e de um sistema alimentar social e ambientalmente sustentável.

Porque consumir café orgânico?

Como descrevemos acima, a produção orgânica – inclusive a do café – é realizada em um modelo de agricultura isenta de contaminantes. Sendo assim, para o cultivo saudável do café, são usados produtos fitossanitários (os quais são importantes para reduzir os danos causados pelas pragas agrícolas) compatíveis com a qualidade necessária para a produção orgânica.

Ainda, alguns provadores especialistas de café ao redor do mundo, afirmam que há melhoria da qualidade do grão quando este é obtido através de produção orgânica. As diferenças em relação aos grãos de café convencional passam pelos aromas até os sabores característicos da bebida, visto que existem cuidados específicos nas fases de pré e pós-colheita no cultivo orgânico.

Existem também relatos de consumidores que consideram que o café orgânico contém mais sabor e qualidade por ser mais “natural”. Por esse motivo, os atributos sensoriais (aparência, aroma e sabor) do café orgânico podem ser considerados diferenciados quando comparados ao café tradicional. Isso ocorre, pois, a superioridade do café orgânico está ligada a maneira como é cultivado. Solo, temperatura, clima e altitude são especialmente cuidados, sempre levando em consideração todo o processo produtivo que visa contemplar a sustentabilidade.

Consumo e mercado do café orgânico

O segmento do mercado de cafeicultura orgânica cresce ano a ano. No entanto, os sistemas de produção de café têm no âmbito do mercado orgânico os chamados “cafés especiais” como o café gourmet. Sendo assim, apesar dos benefícios que esse tipo de café traz ao meio ambiente e também à saúde, seu consumo pode ser considerado sofisticado e não é acessível a todas as pessoas e classes sociais. Seu valor acaba por atingir as classes de poder aquisitivo mais alto. Portanto, o preço muitas vezes mais elevado em relação ao do café convencional é um dos fatores que limita a aceitação dessa bebida.

As estratégias de mercado relacionadas com produtos orgânicos são feitas por diversos grupos ambientalistas do mundo. Segundo estudos, a produção de café orgânico no Brasil ainda é relativamente limitada e bastante direcionada ao mercado externo.

Café orgânico e Saúde

O consumo de café orgânico deve ser considerado um ganho para a nossa saúde, afinal, ao ingerirmos qualquer alimento que não seja proveniente de agricultura orgânica, estamos expostos ao consumo de muitos tipos de agrotóxicos, conservantes e aditivos.

Os agrotóxicos, fertilizantes químicos e todos os contaminantes utilizados contra pragas e insetos nos cultivos convencionais têm potencial tóxico à saúde. A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) em documento publicado no ano de 2015, esclarece várias questões relacionadas ao impacto dessas substâncias em nosso organismo.

A ABRASCO aponta que, mesmo que alguns contaminantes sejam classificados como “pouco tóxicos” (baseado em seus efeitos “imediatos” à saúde), não podemos deixar de levar em consideração os efeitos do consumo constante e a longo prazo. Os malefícios ao nosso organismo podem ocorrer meses, anos ou até décadas depois da ingestão ou exposição de maneira geral a esses agentes tóxicos.

As manifestações em nosso corpo podem ser diversas e a exposição aos contaminantes pode causar inúmeras doenças. Cânceres, más-formações congênitas, distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais são alguns exemplos.

Portanto, se faz parte do seu hábito diário tomar café, que tal pensar na possibilidade de consumi-lo em sua forma orgânica? Além de nos proporcionar compostos antioxidantes, essenciais para o combate ao envelhecimento precoce das células do corpo, o consumo dessa bebida em sua versão orgânica contribui para prevenir e manter nossa saúde a longo prazo.

Referências:

  1. Sousa, Anete Araújo de, et al. “Alimentos orgânicos e saúde humana: estudo sobre as controvérsias.” Revista Panamericana de Salud Publica31 (2012): 513-517. Disponível em: https://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S1020-49892012000600010&script=sci_arttext&tlng=en
  2. Departamento de Atenção Básica. Secretaria de Atenção à Saúde. Ministério da Saúde. “Guia alimentar para a população brasileira.” (2014). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf
  3. da Silva, Aline Fonseca, et al. “AVALIAÇÃO DO GOSTO AMARGO DA BEBIDA DE CAFÉ (Coffea arabica L.) ORGÂNICO POR MEIO DA ANÁLISE TEMPO-INTENSIDADE1.” Ciênc. Tecnol. Aliment 24.3 (2004): 468-472. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/cta/v24n3/21944.pdf
  4. Carneiro, Fernando Ferreira. Dossiê ABRASCO: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. EPSJV/Expressão Popular, 2015. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/26221/2/Livro%20EPSJV%20013036.pdf

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