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Alimentos orgânicos: Benefícios e vantagens para sua saúde

Já há alguns anos e cada vez mais houve-se falar de alimentos orgânicos, entenda o porquê a agricultura orgânica cresce tanto e está muito acima de modismos, promovendo benefícios ao ambiente e à saúde.

O que são alimentos orgânicos

Pela legislação brasileira, considera-se produto orgânico, seja ele in natura ou processado, aquele que é obtido em um sistema orgânico de produção ou proveniente de processo extrativista sustentável e não prejudicial ao ecossistema local.

Para serem comercializados, os produtos orgânicos devem ser certificados por organizações cadastradas no Ministério da Agricultura.

Orgânico não é só produto in natura!

A presença de resíduos de agrotóxicos não ocorre apenas em alimentos in natura, mas também em muitos produtos alimentícios processados pela indústria. Ainda podem estar presentes nas carnes e leites de animais que se alimentam de ração com traços de agrotóxicos.

Portanto, a preocupação com os agrotóxicos não pode significar a redução do consumo de frutas, legumes e verduras, que são alimentos fundamentais em uma alimentação saudável; o foco essencial está no controle do uso dos agrotóxicos, que podem contaminar as fontes de recursos naturais.

Objetivos e vantagens de sistemas orgânicos de produção

Diferenças entre sistemas de produção

Características Sistemas de produção
Convencional Hidropônico Orgânico
Preparo do solo Uso intensivo do solo: o solo é visto como um suporte para as plantas Utiliza apenas água: as plantas não têm contato com o solo Desejável pouco revolvimento do solo: o solo é um organismo vivo
Adubação Uso de adubos químicos altamente solúveis: ureia, NPK etc Uso de adubos químicos altamente solúveis Uso de adubos orgânicos de baixa solubilidade
Controle de pragas e doenças Uso de produtos químicos: inseticidas e fungicidas Uso de produtos químicos, sobretudo fungicidas, em função da alta umidade. Controle com medidas preventivas, biológicas e produtos naturais

Na produção orgânica o nível de resíduos químicos em alimento é baixo, enquanto nas outras formas de produção pode ser de médio a alto. Além disso, a produção orgânica parece ser capaz de manter as características naturais de sabor, textura e qualidade nutricional dos alimentos.

Benefícios da alimentação orgânica

Afinal, o que tem levado cada vez mais consumidores a aderirem ao consumo de produtos orgânicos? Pesquisas realizadas ao redor do mundo apontam para 3 motivos principais – benefícios relacionados à saúde, ganhos para o meio ambiente e a produção da alimentos que tem mais sabor. Confira com mais detalhes cada um deles:

1. Saúde

A saúde parece ser a principal motivação para o consumo de orgânicos atualmente, principalmente relacionado ao menor risco de contaminação com agentes químicos. Como nos alimentamos diariamente e várias vezes ao dia, mesmo que contaminados com teores baixos de agentes químicos, ao longo da vida, esses impactos poderiam ser maléficos.

Ainda é bastante complicado realizar um diagnóstico de “intoxicação” por agrotóxicos, mas muitas organizações já se posicionam de forma alerta para o caso. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) alertou que as intoxicações crônicas podem afetar toda a população, pois são decorrentes da exposição múltipla aos agrotóxicos, isto é, da presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos e no ambiente, geralmente em doses baixas.

Alguns dos possíveis efeitos relacionados à exposição a agrotóxicos estão: infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer.

Apesar de não existirem estudos epidemiológicos com humanos, algumas pesquisas em animais, comparando dietas orgânicas com convencionais, apontam para pontos positivos em relação à saúde e ao bem-estar:

Além dessas questões, os vegetais produzidos organicamente parecem ter melhor valor nutricional, muito influenciado pela melhor qualidade do solo em sistemas orgânicos.

Algumas pesquisas mostram tendências positivas para teores de vitamina C, maior teor de fitoquímicos
– como carotenoides e polifenóis, além de menor quantidade de nitratos e resíduos químicos em geral em alimentos de produção orgânica.

2. Meio ambiente

O Brasil é atualmente o maior consumidor de agrotóxicos do mundo!

Países mais desenvolvidos têm rejeitado alguns agrotóxicos e os transgênicos na alimentação (apesar da polêmica em relação ao tema). Produtos e processos agrícolas que podem ser prejudiciais aos recursos naturais e que podem contaminar o meio ambiente começam a ser questionados pelos consumidores.

Os sistemas orgânicos têm potencial para restabelecer a heterogeneidade dos habitats agrícolas, reforçando a biodiversidade e preservando o meio ambiente.

3. Sabor autêntico

Cada vez mais a qualidade dos ingredientes é valorizada, a busca por sabores autênticos é a mais nova bandeira de consumidores e cozinheiros ao redor do mundo. Neste sentido, a educação para o gosto e o conhecimento da cultura alimentar, apontam para novos caminhos que ligam a gastronomia com princípios orgânicos.

Ainda são necessários mais estudos e análises comparando alimentos orgânicos e convencionais, mas algumas pesquisas apontam para sabor realçado de hortaliças e frutas orgânicas, quando comparadas às cultivadas de modo convencional. 

Resumindo, os orgânicos podem beneficiar a saúde, prevenindo algumas doenças e desequilíbrios devido ao menor risco de contaminação por agentes químicos; além disso, o ambiente agradece pela promoção da biodiversidade e menor contaminação dos recursos naturais e, por fim, estudos mais recentes apontam para o sabor mais intenso e autêntico dos alimentos orgânicos, sobretudo frutas e hortaliças. 

Obstáculos de uma dieta orgânica

Preço: os orgânicos ainda são mais caros, sobretudo nos supermercados. Apesar deste fato, na venda direta em feiras e cestas, os preços costumam ser mais acessíveis. E por que os alimentos orgânicos podem ser mais caros?

Pragas: como não são usados agrotóxicos, os vegetais podem ser afetados por pragas e doenças. Às vezes podem
aparecer mais furos e larvas.

Aparência e tamanho: os produtos orgânicos podem apresentar tamanho e aspecto normais; algumas vezes, os vegetais convencionais, podem são maiores devido ao uso de fertilizantes.

A produção orgânica poderá ser capaz de alimentar o mundo?

Esta é uma questão muito polêmica! Os defensores dos sistemas tradicionais não acreditam na produtividade do modo orgânico, mas a discussão está apenas começando e cada vez mais estudos vêm sendo realizados.

Em 2016, pesquisadores norte americanos realizaram a pesquisa “Agricultura Orgânica para o Século 21”, publicada na revista Nature. O estudo conclui que seria possível utilizar a agricultura orgânica para alimentar de maneira eficiente toda a população mundial.

Para os estudiosos a solução para a agricultura seria mesclar métodos orgânicos com tecnologias modernas usadas nos plantios tradicionais, além de investir em novas tecnologias. Alguns dos métodos citados são: rotação de culturas, gestão natural de pragas, diversificação agrícola e pecuária, uso de compostagem e adubação verde.

Mas, em termos econômicos, o estudo deixa claro que, apesar de ser rentável, o cultivo orgânico proporciona lucros menores do que os tradicionais, já que os pesticidas acabam barateando parte da produção. Em compensação há ganhos ambientais, sociais e em saúde. 

O novo consumidor de alimentos

O consumidor consciente deve cada vez mais enxergar o ato de comer como uma ação de transformação social e política e buscar fazer suas escolhas com conhecimento do processo que vai da terra à mesa.

Escolher um produto orgânico tem reflexos socioambientais importantes; ao fazer essa opção, você pode ajudar na melhoria da qualidade de vida e saúde de muitas famílias de agricultores orgânicos, ao mesmo tempo em que contribui para a manutenção da biodiversidade, melhoria da qualidade da água e preservação ambiental, além de aspectos de saúde.

PARA REFLETIR!

Referências:

  1. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Orgânicos. 2016. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/organicos
  2. Darolt, M. Guia do Consumidor Orgânico. Como reconhecer, escolher e consumir alimentos saudáveis – Rio de
    Janeiro: Sociedade Nacional de Agricultura; Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas;
    Centro de Inteligência em Orgânicos, 2015. Disponível em: https://www.ufrgs.br/nea/wp-content/uploads/2015/11/4-Guia-do-consumidor-MOACIR-R.-DAROLT.pdf
  3. Instituto Nacional do Câncer. Posicionamento do INCA Acerca dos Agrotóxicos. 2018. Disponível em: http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/nota-publica-inca-pl-6299-2002-11-de-maio-de-2018.pdf
  4. Reganold, JP; Wachter, JM. Organic agricultura in the twenty-first century. Nature Plants volume 2. Article number: 15221. 2016. Disponível em: https://www.nature.com/articles/nplants2015221