Quais as diferenças entre óleo de peixe e óleo de krill (crustáceos)?

Os óleos e gorduras são parte da nossa ingestão diária, seja de forma adicionada em alguma preparação ou ingeridos por meio de alimentos.

O grupo que representa as gorduras em nossa alimentação deve ser consumido, porém realizando as escolhas certas.

Vamos conhecer neste texto, dois tipos de óleos que podem ser benéficos ao nosso organismo e as diferenças entre eles.

Já ouviu falar em óleo de krill?

O óleo de krill é processado e obtido a partir de pequenos crustáceos (semelhantes ao camarão) que podem ser encontrados no Oceano Antártico. Este óleo é considerado um alimento funcional e fonte de EPA e DHA.

Mas calma, o que são EPA e DHA?

Primeiro vamos entender um pouco sobre os ácidos graxos. Os ácidos graxos (AGs) são componentes dos óleos e gorduras e podem ser saturados ou insaturados. O nosso organismo é capaz de sintetizar a maioria dos ácidos graxos saturados e insaturados, mas não os AGs essenciais, que precisam ser ingeridos através da alimentação.

Sobre os ácidos graxos essenciais nós sempre ouvimos falar. São eles o ômega 3 e o ômega 6. Os AGs ômega 3 estão presentes nos óleos de peixe e de krill, sardinha, salmão, nozes, linhaça e chia. Já os ômega 6 são encontrados em óleos vegetais.

Os ácidos graxos ômega 3 apresentam dois componentes muito importantes: o EPA – ácido eicosapentaenoico e o DHA – ácido docosaexaenoico. O EPA é muito importante na prevenção de doenças cardiovasculares e hipertensão. O DHA é capaz de prevenir doenças cardíacas e reduzir a taxa de triglicerídeos. Além disso, contribui no desenvolvimento da visão e função cerebral.

Benefícios do óleo de krill:

Voltando a falar sobre esse óleo, existem diversos estudos comprovando o benefício de sua utilização e suplementação. Já foi documentado que a suplementação com óleo de krill por 4 semanas foi bem tolerada, aumentou o conteúdo de EPA e DHA no organismo e não possuiu efeitos adversos, quando utilizado dentro dos parâmetros de segurança.

A ingestão de EPA e DHA, mesmo que inferior a 1g/dia, pode contribuir para reduzir os níveis de triglicerídeos no sangue, em jejum.

A ingestão do óleo de krill melhora a integridade da barreira intestinal, a “reconstrução” epitelial durante a inflamação e controla a adesão bacteriana e a invasão para as células epiteliais. Portanto, o óleo de krill pode ser considerado uma grande alternativa para reduzir a inflamação intestinal.

Óleo de peixe

Os efeitos de proteção à saúde obtidos através do consumo de peixe ou do óleo de peixe, assim como do óleo de krill, são atribuídos à presença de ácidos graxos ômega 3, principalmente pelos compostos EPA e DHA.

Uma alimentação rica em peixes de águas mais frias como salmão e o atum, pode ser suficiente para atingir as necessidades de ácidos graxos essenciais do nosso organismo.

Já existe uma atenção maior da indústria alimentícia de adicionar EPA e DHA a alguns alimentos, visto que sob consequência de um padrão alimentar mais industrializado, as quantidades de AGs essenciais na alimentação vem sofrendo alterações.

Há uma tendência no aumento do consumo de óleos vegetais e diminuição do consumo de produtos derivados de pescado. Este fato provoca aumento da relação de ácidos graxos ômega 6/ ômega 3. Visto que os óleos vegetais são ricos em ômega 6, deve existir um balanceamento adequado no consumo desses dois AGs essenciais, pois um consumo inadequado poderia acentuar um estado de deficiência de ômega 3.

A ingestão de óleo de peixe pode diminuir a pressão arterial, especialmente em idosos e hipertensos. Pesquisas indicam que o consumo de peixe contendo ômega 3 ou óleo de peixe reduz o risco de doenças dos coração, previne certas arritmias cardíacas e morte súbita.

Diferenças entre óleo de peixe e óleo de krill

Tanto o óleo de peixe quanto o de krill são comprovadamente benéficos à saúde humana, sendo objetos de estudos ao redor de todo o mundo. Porém algumas diferenças podem ser encontradas entre eles.

O óleo de krill possui um antioxidante chamado astaxantina. Este componente é conhecido por fornecer foto proteção contra a radiação ultravioleta na pele e nos olhos, também auxilia amenizando úlceras gástricas ocasionadas por H. pylori (batéria) e processos neurodegenerativos como na doença de Parkinson.

Estudos já observaram um maior aumento nas concentrações plasmáticas de EPA e DHA com o consumo de óleo de krill, quando comparado ao consumo de óleo de peixe, e sugeriram que esse fato deve ocorrer devido à diferenças na absorção e biodisponibilidade, com base na diferença estrutural dos dois óleos: o de krill possui tanto fosfolipídeos, quanto triglicerídeos, enquanto o de peixe possui apenas triglicerídeos.

Por que isso é importante? Pesquisas já apontaram que ácidos graxos ligados a fosfolipídeos são absorvidos em órgãos como o coração, cérebro e fígado, de maneira mais eficiente do que quando ligado somente aos triglicerídeos.

Óleo de krill x Óleo de peixe

Apesar das diferenças entre o óleo de peixe e o óleo de krill, e de algumas linhas de pequisa considerarem o óleo de krill mais eficaz do que o óleo de peixe, ambos são considerados boas fontes e podem ser utilizadas desde que de maneira segura, sem exageros.

A suplementação com óleo de peixe atenua as respostas inflamatórias que ocorrem em nosso organismo e o óleo de krill também beneficia a saúde cardiovascular.

Lembrando que nenhum alimento isolado será eficiente suficiente para mudar completamente a sua saúde. Os óleos, quando utilizados, devem contar com uma combinação de mudanças no estilo de vida, incluindo alimentação saudável e atividade física.

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