Como identificar e tratar o excesso de ferro no sangue

O Ferro é um mineral fundamental para o funcionamento do corpo, sendo essencial para a vida.

Entre todas as funções do ferro, destacam-se a sua participação no transporte de oxigênio e na produção de DNA, composto que transmite as características hereditárias de cada ser vivo.

Porém, o excesso de ferro no sangue pode ser tóxico ao organismo, causando danos nos tecidos do corpo e podendo desenvolver a produção de radicais livres, compostos que prejudicam o funcionamento das nossas células saudáveis, induzindo ao envelhecimento precoce.

Intoxicação por Ferro

Normalmente, o organismo é capaz de manter o balanço de ferro de forma a evitar seu acúmulo, que é determinado pela sua absorção, e excreção pelas perdas fisiológicas.

Ao alterar o equilíbrio entre a absorção e excreção, é possível ocorrer a deficiência ou o acúmulo de ferro no organismo. Ou seja, se existe maior excreção de ferro do que absorção, ocorrerá a deficiência de ferro. Por outro lado, se existe uma maior absorção do que excreção, ocorrerá o acúmulo de ferro no organismo, podendo gerar a intoxicação por esse nutriente.

Mecanismo de Intoxicação

Como sabemos, existem duas formas biológicas do ferro disponíveis nos alimentos: ferro heme (presente nos alimentos de origem animal) e ferro não heme (presente nos alimentos de origem vegetal).

Ambas as formas podem ser tóxicas ao organismo, pois em excesso promovem reações de radicais livres, gerando o estresse oxidativo. Esse fenômeno resulta em lesões e prejuízos às células do nosso corpo.

Sobrecarga de Ferro

A sobrecarga de ferro no organismo pode acontecer devido ao desequilíbrio no balanço de absorção e excreção originado pela alimentação e ingestão de suplementos de ferro.

Porém, a intoxicação originada pela alimentação é bem incomum, devido à predisposição natural de existir a dificuldade de absorção do ferro, e não de se aumentar.

Possíveis Consequências da Sobrecarga de Ferro

O ferro em excesso pode gerar espécies altamente reativas de oxigênio, os radicais livres. Esses radicais podem produzir danos ao DNA, prejudicando a produção de proteínas, lipídeos e carboidratos.

Além disso, o ferro livre pode reagir com ácidos graxos insaturados e provocar a morte celular.

Devido a esse potencial reativo, o ferro em excesso pode participar no desenvolvimento de tumores, aterosclerose e desordens neurodegenerativas, como o mal de Parkinson e Alzheimer.

Como Evitar a Sobrecarga de Ferro

Apesar de ser difícil pelos motivos já expostos, a longo prazo é possível ocorrer a sobrecarga de ferro através da alimentação e pela utilização de suplementos.

Visto que a intoxicação por ferro é muito perigosa, é importante evitar que ela aconteça.

O Nutricionista é o profissional adequado para prescrever a dieta adequada para cada paciente. Somente ele é capaz de elaborar uma dieta personalizada, que busque adequar a quantidade ideal de todos os macro e micronutrientes necessários para a saúde de cada indivíduo.

Por isso, para evitar, seja a anemia (deficiência de ferro) ou a sobrecarga de ferro, mantenha uma dieta balanceada, com níveis adequados de ferro. Além disso, jamais utilize suplementos de ferro sem a autorização de seu médico ou nutricionista.

Também é importante que se realize exames de sangue periodicamente, para que assim seja possível identificar níveis elevados de ferro no sangue, ou deficientes.

Intoxicação Aguda por Ferro

A intoxicação aguda é mais fácil de acontecer, podendo ser causada pelas transfusões sanguíneas.

Os principais sintomas da intoxicação aguda por ferro são de origem gastrointestinal (a partir do estômago e do intestino), causando irritação na “parede” do estômago, formando úlceras e possíveis sangramentos, podendo levar a morte em algumas horas:

  • Diarréia
  • Sangue nas fezes
  • Vômitos
  • Acidose metabólica
  • Insuficência hepática (mal funcionamento do fígado)
  • Choque

Hemocromatose

A hemocromatose é uma doença genética que determina a absorção anormal de ferro. Nessas situações, ocorrem danos aos tecidos do corpo, levando à:

  • Danos no fígado, podendo causar cirrose;
  • Danos pancreáticos, podendo causar diabetes;
  • Danos renais, podendo causar falência nos rins;
  • Danos cardíacos, podendo gerar falência;
  • Danos nas mucosas, causando alterações gastrointestinais, como ulcerações e diarreias;
  • Inflamação das articulações.

A principal causa da intoxicação é a expressiva ingestão de ferro, somada com o consumo de bebidas alcoólicas, que aumentam sua absorção.

Ela também pode ocorrer em pacientes em tratamento da anemia falciforme e talassemia, pelo recebimento de transfusões.

Tratamento da Intoxicação por Ferro

O tratamento da toxidez é difícil, uma vez que não existe até o momento formas eficientes de aumentar a excreção de ferro. É muito mais fácil tratar a anemia do que a toxidez.

Entretanto, existe uma droga chamada Desferrioxamina B que se une ao ferro livre, permitindo sua excreção pela urina. Porém, a eliminação de ferro é pequena e sua ação diminui com o tempo.

Outro tipo de tratamento é a Flebotomia, um tipo de sangria. Porém, essa é destinada apenas para os casos de sobrecarga aguda e hemocromatose.

Alimentos Ricos em Ferro

Alguns alimentos são bem conhecidos pela grande quantidade de ferro que apresentam em sua composição, tais como as carnes vermelhas, fígado e leguminosas, entre outros.

Para saber mais, confira nosso texto “Lista com 20 alimentos para melhorar anemia” e fique por dentro dos alimentos mais ricos em ferro, entre outros nutrientes.

Referências:

  1. Krause, MV. Mahan, LK. Escott-stump, S. Krause – Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 12ᵃ ed. 2ᵃ tiragem. São Paulo:Roca, 2010.
  2. Fisberg, M. et al. Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes – Ferro. Série de Publicações ILSI Brasil. 2008; 3: 1-28. Disponível em: http://ilsi.org/brasil/wp-content/uploads/sites/9/2016/05/03-Ferro.pdf
  3. Portaria SAS/MS nº1.324, de 25 de novembro de 2013. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas. 2013; 555-578. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-sobrecarga-de-ferro-livro-2013.pdf
  4. Machado, AA. et al. Bases Moleculares da Absorção de Ferro. Alim. Nutr. 2005; 16(3): 293:298. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/18488173/artigo-absorcao-de-ferro-e-anemias

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