Medicina ortomolecular: como funciona e como fazer a dieta

A Medicina Ortomolecular constitui um ramo da chamada “medicina alternativa” no qual se acredita que as doenças são resultados de desequilíbrios químicos, logo seu objetivo primordial é reestabelecer o equilíbrio químico do organismo.

Este acerto (orto=certo) das moléculas se dá através do uso de substâncias e elementos naturais, sejam vitaminas, minerais, e/ou aminoácidos. Espera-se que estes elementos, além de proporcionarem um reequilíbrio bioquímico, combatam também os radicais livres.

Portanto, a atuação da Medicina Ortomolecular é alcançada justamente a nível molecular, através de suplementações, tanto por via oral, quanto parenteral e endovenosa.

Dentro de seus conceitos ganha status de Medicina Preventiva. Verificamos que o termo Medicina Biomolecular também se aplica ao caso. Basicamente são quatro os pontos tratados pela Medicina Ortomolecular:

– Reposição de substâncias em falta no organismo;

– Eliminação de substâncias tóxicas;

– Aumento da concentração de determinadas substâncias;

– Combate ao excesso de radicas livres.

Breve Histórico

Em 1900 descobriu-se o primeiro radical livre. Durante os 50 anos subseqüentes, se conheceu toda a sua química e em 1956, Denhan Harman publicou teoria sobre a toxicidade dos radicais livres e sua relação com o envelhecimento.

Em seguida, Joe McCord e Irwing Fridowich, comprovaram a existência da SOD – Superóxido Dismutase, uma proteína produzida pelo corpo humano que funciona como antioxidante natural, inibindo a oxidação das células.

E na mesma década, introduzido por Linus Pauling (1901-1994), prêmio Nobel por 2 vezes (Química em 1954 e da Paz em 1962) na revista Science (160:265-271,1968), o termo ortomolecular propõe que distúrbios mentais poderiam ser tratados pela correção de desequilíbrios ou deficiências de constituintes cerebrais tais como vitaminas e outros micronutrientes.

Assim nasceu o novo conceito, baseado no Paradoxo do Oxigênio. Acredita-se que o estresse oxidativo está envolvido em inúmeras condições patológicas, fato que serviria de embasamento para as terapias antioxidantes.

A prática ortomolecular baseia-se:

1) Nos princípios propostos por Linus Pauling;

2) Na Nutrologia…

Especialidade médica que se preocupa com a qualidade da alimentação, necessidades calóricas diárias, referentes a cada indivíduo e de acordo com a sua atividade física ou sua patologia pré-existente, repondo ou restringindo os nutrientes como proteínas, gorduras, açúcares, minerais, vitaminas, fibras e água, que sejam indispensáveis ao equilíbrio das reações químico-físicas de todo o organismo.

O equilíbrio metabólico e energético é básico a todas as especialidades médicas. Das centenas de substâncias que entram nos processos metabólicos, todas são produzidas no organismo, com exceção dos chamados “nutrientes essenciais” que deverão ser introduzidas prontas do meio externo, pela alimentação e ou suplementação.

Esses nutrientes, além da água e do oxigênio, são:

Aminoácidos: Histidina, Leucina, Isoleucina, Lisina, Valina, Metionina, Fenilalanina, Treonina, Triptofano

Ácido Graxo essencial: Ácido linoleico

Vitaminas: Tiamina (B1), Riboflavina (B2), Niacina (B3), Piridoxina (B6), Ácido fólico (B9), Cobalamina (B12), Ácido pantotênico, Biotina, Ácido para-aminobenzóico (PABA) , Inositol, Colina, Ácido ascórbico (C), Retinol (A), Calciferol (D), Alfa tocoferol (E), Menadiona (K)

Sais minerais: Sódio, Potássio, Cálcio, Fósforo, Magnésio, Manganês, Ferro, Cobre, Zinco, Selênio, Cromo, Iodo, Enxofre, Lítio, Boro, Flúor, Vanádio, Molibdênio, Ácido lipóico, Taurina, Bioflavonóides (Rutina, Hesperidina, Quercetina)

3) No ambiente…

Detectando e corrigindo as intoxicações provenientes do ar, solo e água, assim como as substâncias ingeridas junto aos alimentos – conservantes, corantes, acidulantes, agrotóxicos, adoçantes e minerais tóxicos.

Avaliando a poluição sonora e as fontes de radiações nocivas.

Promovendo melhora do saneamento, condições de moradia e ambiente nos diversos tipos de trabalho.

Teoria Ortomolecular

Dentro da Teoria Ortomolecular, acredita-se que os radicais livres (RL), com elétron não pareado na camada de valência, sejam os responsáveis, pelo menos em parte, por elevado número de doenças, abrangendo vários órgãos e sistemas.

De todo o oxigênio disponível pela célula, 95% se transforma em energia, utilizada para fabricar substâncias vitais e mantê-la funcionante e viva. Os 5% restantes são transformados no metabolismo em radicais livres de oxigênio, ou como melhor chamados, de espécies reativas tóxicas de oxigênio: radical superóxido, peróxido de hidrogênio e radical hidroxila. Esses elementos são gerados no organismo desde o momento da concepção, logo nos primeiros segundos de vida intrauterina, e a sua produção é contínua durante toda a nossa existência.

Teoricamente, até os 40/45 anos de idade o organismo consegue neutralizar esses 5% excedentes de radicais livres.

Porém, quando a produção de radicais livres excede a sua degradação e sobrepuja os mecanismos de defesa naturais anti-radical e de reparo celular, tem-se o início das alterações estruturais de proteínas, lipídeos, ácidos nucléicos e carboidratos, as quais resultam na lesão celular.

Assim sendo, as lesões geradas em nível celular progridem para lesão tecidual, dos órgãos e por fim observa-se a instalação de doenças.

Acredita-se que está ficando cada vez mais difícil administrar os radicais livres e uma das razões é a crescente exposição do organismo à metais tóxicos como:

  • o chumbo;
  • o mercúrio;
  • o cádmio;
  • o alumínio;
  • o níquel, etc;

E à metais, considerados não tóxicos dependendo da sua concentração no organismo, como por exemplo, o ferro.

Todos esses metais, particularmente o ferro, atuam como catalisadores, aumentando a geração dos radicais livres de oxigênio.

Outra dificuldade para a degradação dos radicais está no problema com a nutrição, pois os mecanismos de defesa anti-radical, tanto os enzimáticos quanto os não enzimáticos dependem do aporte adequado de nutrientes.

O que a terapia ortomolecular propõe?

Nesse sentido, a terapia ortomolecular propõe avaliar esses pacientes, desvendar as carências de nutrientes, por exemplo, com o emprego de tabelas de inquérito de sinais e sintomas ou através de inquérito alimentar e dos mineralogramas.

Com isso, calcula-se as doses ótimas para esse indivíduo em particular, com determinada doença, idade, estado nutricional, doenças associadas, etc.

Administra-se o que está faltando ou realiza-se a sua quelação (inativação da molécula “agressora” através da ligação dela com um outro elemento específico).

Embora existam inúmeras referências na literatura científica no que diz respeito ao papel dos radicais livres no desenvolvimento de diversas doenças, ainda não há comprovação de que o uso de suplementos possa evitá-las, sendo que inclusive, em alguns casos, o uso de suplementos pode ser danoso.

Desta forma, a prática da medicina ortomolecular deve ser vista com olhos críticos, à luz do que prega a medicina baseada em evidências.

De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), não existe registrada a especialidade de Medicina Ortomolecular (leia mais a respeito na Resolução 1.500/1998).

Além disso, a Sociedade Brasileira de Medicina Ortomolecular não é filiada a Associação Médica Brasileira.

Dieta Ortomolecular

A dieta ortomolecular foi desenvolvida a partir dos princípios da medicina ortomolecular.

Seu tratamento possui três pontos principais:

  • atividade física;
  • alimentação saudável (com suplementação, se preciso);
  • mudança comportamental e “controle” das emoções!

Se o indivíduo já consome uma alimentação balanceada, não é necessário fazer a suplementação com vitaminas e minerais. O consumo de alimentos funcionais é incentivado nessa dieta.

A suplementação de vitaminas e minerais deve ser feita com cautela, pois já são bem conhecidas interações entre os mesmos, seja aumentando ou diminuindo a eficácia de cada um.

Nesse sentido, a suplementação pode ser oferecida em comprimidos ou injeções. A escolha depende da preferência pessoal. Há quem tome até 30 cápsulas por dia.

No quesito tempo de emagrecimento há variação de um indivíduo para o outro.

Porém, os melhores resultados são atingidos com a prática simultânea de exercícios.

Dentre as melhorias geradas pela dieta molecular listam-se:

  • Mais disposição;
  • Melhora na função sexual;
  • Cabelos com melhor crescimento;
  • Melhora da memória;
  • Melhoria da função cardiovascular;
  • Perda de peso;
  • Melhora do aspecto da pele.

Em seu cardápio você deve priorizar o consumo de alimentos integrais, frescos e funcionais — aqueles que, além de nutrir, oferecem substâncias que fortalecem o sistema imunológico, combatem os radicais livres e aceleram o metabolismo. E, sempre que possível, fique com os orgânicos!

Com relação aos resultados e perda de peso, o ideal é que você procure um médico ou nutricionista para fazer exames (dentre os quais exame de sangue, urina ou saliva e o mineralograma – fio de cabelo) e definir o que está em desequilíbrio no seu organismo.

Apenas depois dessa etapa é que você terá um cardápio com a quantidade de calorias e os alimentos certos para o seu corpo!

Referências:

  1. PARECER Nº 1929/2008 CRM-PR. PROCESSO CONSULTA N. º 26 /2008 – PROTOCOLO N. º 3612 /2008. ASSUNTO: MEDICINA ORTOMOLECULAR. PARECERISTA: CONS. ALEXANDRE GUSTAVO BLEY. Disponível em: http://www.portalmedico.org.br/pareceres/crmpr/pareceres/2008/1929_2008.htm
  2. Resolução CFM nº 2.004. Normatiza os procedimentos diagnósticos e terapêuticos da prática ortomolecular. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. RESOLUÇÃO CFM Nº 2.004, DE 8 DE NOVEMBRO DE 2012. Disponível em: https://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Legislacao&id=689
  3. Neto, L. B. da S., Ribeiro, J. P. Medicina Ortomocular Baseada em evidência. Arq.Bras. Cardiol. vol. 69, n. 1, São Paulo, 1997.
  4. Tirapegui, J. Nutrição Fundamento e Aspectos atuais. São Paulo, Ed. Atheneu, 2001.

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