Dieta pós cirurgia bariátrica: cardápios e recomendações

Vamos começar falando um pouco sobre a cirurgia bariátrica?

Esse procedimento é uma técnica que vem sendo utilizada quando os meios convencionais de tratamento (dieta, exercícios, terapias comportamentais, síndrome metabólica) da obesidade, não conseguem demonstrar resultado positivo.

Os tipos de cirurgia tem como finalidade fazer uma redução e manutenção de peso corporal adequado, podendo melhorar as doenças relacionadas à obesidade como: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Diabetes Mellitus (DM), Dislipidemias e doenças coronarianas.

Apesar de diversas descobertas ligadas a identificação genética da obesidade e hormônios do apetite, não se explica o acelerado aumento da obesidade na população mundial nos últimos vinte anos. Segundo pesquisadores, é mais do que provável que os fatores que justificam o grau de obesidade na América consistam num estilo de vida sedentário e no fácil acesso a alimentos cada vez mais saborosos e calóricos.
É possível observar que, para a maior parte da população, os maiores riscos para a saúde são do próprio comportamento individual. Fumo, álcool, drogas, estresse, sedentarismo, isolamento social, esforços repetitivos, são fatores do estilo de vida que só dependem da própria vontade e que afetam negativamente a saúde do indivíduo.

Quais são os tipos de cirurgias?

O tipo de cirurgia bariátrica mais realizado atualmente é o Bypass Gástrico em Y-de-Roux (BGYR), uma técnica cirúrgica mista por restringir o tamanho da cavidade do estômago e, consequentemente, reduzir a superfície intestinal em contato com o alimento.

Outros métodos são a Gastrectomia Vertical, onde o estômago é transformado em um tubo, com capacidade de até 100 mililitros. Essa intervenção provoca uma significativa perda de peso, porém sendo um pouco menor que o bypass gástrico.

Já o Método Duodenal Switch é a junção da gastrectomia vertical e desvio intestinal, preservando apenas 15% do estômago, porém a anatomia básica do órgão e sua fisiologia de esvaziamento são mantidas.

Quem deve fazer?

Os pacientes indicados para a realização da cirurgia bariátrica devem ser classificados em Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 40 kg/m², ou IMC entre 35 a 39,9 kg/m² associado a um grave problema de saúde relacionado com o peso, como diabetes tipo 2, pressão arterial elevada, apneia grave do sono, dislipidemias, doenças cardíacas, síndrome metabólica, entre outras.

CUIDADOS PRÉ CIRÚRGICOS:

  • Início ou continuidade de atividades físicas acompanhadas de um profissional de educação física;
  • Consultas frequentes com toda equipe multidisciplinar que acompanha o paciente (médicos, nutricionistas e psicólogos);
  • Mudança de hábitos alimentares acompanhada de um profissional, começando a retirar: alimentos ultraprocessados, alimentos com teor alto de açúcar, frituras, refrigerantes e sucos de caixinha, farinha de trigo refinada, snacks e fast-foods.

CUIDADOS PÓS CIRÚRGICOS:

Alimentação:

  • Na primeira e segunda semanas são ingeridos apenas líquidos coados, divididos em 6 refeições, cada refeição com até 150 ml a cada 3 horas, sendo ofertado a cada hora 50 ml;
  • Na terceira semana começamos a introduzir alimentos batidos sem coar;
  • A partir da quarta semana alimentos em consistência pastosa são permitidos.

Suplementação:

  • Proteínas líquidas (whey protein, proteína isolada vegetal, colágeno hidrolisado);
  • Vitaminas e minerais, principalmente vitamina B12, D, E, A, ácido fólico e zinco, tanto em forma de alimentos, quanto em suplementação extra.

Psicologia:

  • Acompanhamento psicológico para lidar com as quantidades menores de alimentos;
  • Uso de técnicas para não transferir as compulsões alimentares existentes em alguns pacientes para algum novo vício (fumo, bebidas alcoólicas, doces em formas liquidas);
  • Reinclusão social após nova imagem corporal.

Modelo de alimentação pós cirurgia

Primeira e segunda semana pós cirurgia bariátrica

Consistência da alimentação: líquida

Café da manhã: água de coco
Lanche da manhã: suco de fruta coado e sem açúcar
Almoço: caldo de legumes e carne coado
Lanche da tarde: suco de fruta coado e sem açúcar
Jantar: caldo de legumes e carne coado
Ceia: água de coco

Terceira semana pós cirurgia bariátrica

Consistência da alimentação: pastosa

Café da manhã: leite desnatado ou leite vegetal
Lanche da manhã: suco da fruta batido e sem açúcar
Almoço: sopa de legumes e carne batida
Lanche da tarde: vitamina em consistência mais líquida
Jantar: sopa de legumes e carne batida
Ceia: água de coco

Quarta semana pós cirurgia bariátrica

Consistência da alimentação: semilíquida

Café da manhã: vitamina de frutas
Lanche da manhã: fruta raspada ou bem amassada
Almoço: caldo de legumes e grãos, purê de legumes ou sopa batida
Lanche da tarde: mingau bem batido
Jantar: purê de legumes ou sopa com carne batida
Ceia- leite desnatado ou leite vegetal

O que melhora após a cirurgia?­

  • Alterações respiratórias: redução em aproximadamente 90% dos casos de asma e apnéia do sono. A redução das crises de asma foi atribuída à diminuição do refluxo gastroesofágico após o emagrecimento;
  • Alterações cardiovasculares e alterações no colesterol: pesquisas demonstraram diminuição da pressão arterial com conseqüente diminuição do risco de hipertensão e infarto. Além disso, houve diminuição acentuada do colesterol total, dos triglicérides, do ácido úrico e aumento da fração HDL do colesterol, considerado o colesterol “bom”;
  • Alterações endócrinas: nos pacientes que fizeram a cirurgia bariátrica e que reduziram de peso houve uma diminuição importante das taxas glicêmicas entre os diabéticos e diminuição do risco de aparecimento da doença nos não diabéticos;
  • Alterações psiquiátricas: com a perda de peso ocorre um aumento da auto-estima, melhora do relacionamento social, diminuição da ansiedade e da depressão.

Importante ficar atento às alterações gastrointestinais: nos pacientes operados as complicações gastrointestinais mais encontradas foram estenose da gastrojejunostomia, úlcera gástrica, fístulas gastrogástricas, obstrução intestinal de intestino delgado, sindrome de dumping, diarréia e vômitos. Também existe o risco de deficiências de ferro, vitamina B12, vitamina D e cálcio.

Por isso, estar SEMPRE acompanhado de profissionais especializados é essencial para o sucesso da cirurgia!

É  possível voltar a engordar após a cirurgia?

A perda de peso é um dos principais parâmetros para definir o sucesso da cirurgia bariátrica, já que ocorre comprovada melhora nas condições de saúde do indivíduo.

Inicialmente, pode-se citar a redução do peso pela menor ingestão alimentar, pois o tamanho reduzido do estômago limita a quantidade do alimento ingerido. Já a provável modificação hormonal que ocorre após o procedimento cirúrgico, ocasionando a redução de apetite, pode ser gerada pela diminuição de alguns hormônios: grelina sérica, peptídeo Y e glucagon-like peptídeo.

A recuperação do peso pode ocorrer devido a adaptações no tamanho do estômago e intestino que acontecem com o passar do tempo. A adoção e a promoção de estilo de vida saudável fortalecem o indivíduo operado contra os antigos hábitos que causaram a condição de obesidade. Esse novo comportamento é fundamental para a manutenção em longo prazo do peso alcançado.

Confira agora algumas receitas que podem auxiliar na recuperação cirúrgica:

Iogurte caseiro natural

Ingredientes:

1 litro de leite semidesnatado

Iogurte natural

Modo de preparo:

Aquecer o leite até quase ferver. Deixe do lado até ficar morno (entre 40 a 50 °C, pode usar um termômetro para medir a temperatura). Esquente o forno, deixe-o bem quente e desligue. Quando o leite estiver morno, coloque o iogurte natural e misture. Coloque a mistura em potes separados ou em uma tigela grande, cubra com papel filme e leve ao forno (já desligado). Deixe o iogurte caseiro descansar de 5 a 8 horas dentro do forno desligado. Depois é só servir. Armazenar depois de pronto em geladeira. Dependendo da fase pós cirurgia podem ser acrescentadas frutas batidas.

Sopa antiinflamatoria

Ingredientes:

1/2 repolho

3 tomates

1 alho poró

1 cebola

1 cebola roxa

2 cenouras

1/2 ramo de salsinha

1 abobrinha

Orégano a gosto

1 dente de alho

Sal marinho

1/2 kg de filé de frango

1 litro de água

Modo de preparo:

Corte todos os ingredientes em tamanhos muito pequenos e leve ao fogo na panela de pressão. Deixe por, aproximadamente, 20 minutos após atingir pressão. Desligue o fogo, deixe sair a pressão e espere esfriar. Dependendo da fase pós cirúrgica, bata a sopa no liquidificador ou apenas coe.

ATENÇÃO: nenhuma informação contida nesse post é capaz de substituir qualquer orientação de médicos e nutricionistas especialistas em cirurgia bariátrica. Consulte sempre um médico! 

Referências:

  1. McARDLE, W. M., KATCH, F. I. & KATCH, V. L. Fundamentos de fisiologia do exercício. 2 ed. Rio de Janeiro-RJ, Editora Guanabara Koogan, 2000.
  2. CUNHA, A.C.P.T. da, NETO, C.S.P. ; JÚNIOR, A.T. da C. Indicadores de obesidade e estilo de vida de dois grupos de mulheres submetidas à cirurgia bariátrica. Fitness & Performance Journal, v. 5, nº 3, p. 146-154, 2006. Disponível em: http://www.redalyc.org/html/751/75117065005/
  3. Mango VL, Frishman WH. Physiologic, psychologic, and metabolic consequences of bariatric surgery. Cardiol Rev. 2006;14:232-7. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010442302007000200004&script=sci_arttext
  4. Bond DS, Evans RK, Demaria EJ, Meador RN, Warren BJ, Shannon KA, et al. A conceptual application of health behavior theory in the design and implementation of a successful surgical weight
    loss program. Obes Surg. 2004;14:849-56
  5. Novais, Patrícia Fátima Sousa et al. Evolução e classificação do peso corporal em relação aos resultados da cirurgia bariátrica: derivação gástrica em Y de Roux. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, v. 54, n. 3, p. 303-310, 2010.

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