Quando e como iniciar a alimentação complementar dos bebês?

Todos sabemos a importância do aleitamento materno para a saúde do bebê e da mãe. O leite materno é um alimento completo. Ele oferece nutrientes, proteção contra microorganismos, reduz a probabilidade de alergias, além de reforçar o vínculo entre mãe e filho.

Porém, chega um determinado período em que somente o leite materno não é mais suficiente para suprir todas as necessidades nutricionais do bebê, devendo ser iniciada a alimentação complementar.

Quando Iniciar a Alimentação Complementar

O Ministério da Saúde (MS) recomenda o aleitamento materno EXCLUSIVO até os 6 meses. Após esse período, além do leite materno, deve-se fornecer a alimentação complementar.

Antes dos 6 meses nada além de leite materno deve ser oferecido ao bebê, nem mesmo água.

Qual o problema de dar água para o meu bebê?

A oferta de líquidos diferentes de leite materno (água, chás, sucos) nos primeiros 6 meses de vida da criança trazem mais malefícios do que benefícios.

Eles prejudicam a sucção do bebê, fazendo com que ele mame menos leite. Além disso, aumentam-se os riscos do bebê adoecer, uma vez que a água, utensílios e mamadeiras são veículos de contaminação.

Desmame Precoce

O desmame precoce é caracterizado pela introdução de qualquer líquido ou alimento na dieta do bebê antes do 6º mês de vida.

As consequências dessa introdução alimentar prematura podem ser severas, pois elevam-se os riscos de infecções, estando relacionada com a mortalidade infantil.

Alimentação Complementar

Como dito anteriormente, a água e outros alimentos podem ser oferecidos ao bebê somente ao completar o 6º mês de vida.

Entretanto, existem alguns casos em que indica-se a antecipação da introdução alimentar (Entre 4 e 6 meses):

  • A criança mostra interesse por outros alimentos que não o leite materno;
  • Parece estar com fome mesmo após a amamentação realizada corretamente;
  • Não está ganhando peso adequadamente.

Nesses casos, a alimentação complementar pode ser introduzida antecipadamente, porém sempre depois da amamentação, para que não ocorra a substituição do leite materno pelos alimentos (e sempre com a orientação de um Nutricionista!!).

Importância da Alimentação Complementar

É muito importante que não ocorram atrasos na introdução alimentar complementar, para evitar possíveis deficiências nutricionais.

Além disso, a alimentação complementar a partir dos 6 meses de vida favorece o crescimento normal da criança, contribui para o funcionamento do sistema imunológico e diminui os riscos de diarréias.

Mas então, outras dúvidas surgem: Quais alimentos posso dar ao meu filho? Como essa introdução alimentar deve ser feita? Veja a seguir!

10 Passos para a Alimentação Saudável

O Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos apresenta esses 10 passos para ajudar a população com recomendações sobre introdução alimentar. Confira:

  1. Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás, ou qualquer outro alimento.
  2. Ao completar 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais.
  3. Ao completar 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes) três vezes ao dia se a criança receber leite materno.
  4. A alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os horários de refeição da família, em intervalos regulares e de forma a respeitar o apetite da criança.
  5. A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a sua consistência até chegar à alimentação da família.
  6. Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida.
  7. Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.
  8. Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.
  9. Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação adequados.
  10. Estimular a criança doente e covalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando sua aceitação.

Alimentos Para Crianças de 6 a 24 meses

Água – Oferecer nos intervalos entre as refeições. Deve ser tratada, filtrada e fervida.

Leite materno – Livre demanda.

Cereais, pães e tubérculos – Arroz, mandioca, batata, macarrão, pão de sal etc.

Verduras e Legumes – Cenoura, abobrinha, couve, brócolis, chuchu etc.

Frutas – Banana, maçã, laranja, mamão, abacaxi etc.

Proteínas – Frango, boi, peixe, miúdos e ovos.

LeguminosasFeijão, lentilha, ervilha, grão de bico.

Alimentos Que Não Devo Dar Para o Meu Bebê

Alguns alimentos podem ser mais perigosos do que parecem, e não devem fazer parte da fase de introdução alimentar do bebê.

Leite de Vaca

A quantidade de proteínas fornecida pelo leite de vaca é muito elevada. Para se ter uma idéia, o conteúdo proteico do leite humano representa menos de 1/3 do total proteico do leite de vaca.

Esse excesso de proteínas para o recém nascido é prejudicial, podendo provocar distúrbios metabólicos.

A proporção do tipo de proteínas entre os dois leites também é diferente. Como o leite de vaca possui muita caseína, esse leite se torna de difícil digestão para o bebê. Além disso, nas proteínas do soro do leite de vaca encontra-se a β-lactoblobulina, que é a principal responsável pelo desenvolvimento de alergias ao leite de vaca.

Mel

A microbiota (flora intestinal) do recém nascido ainda não é desenvolvida como dos adultos, tornando-os mais suscetíveis às intoxicações alimentares.

É o caso do risco de intoxicação por esporos da bactéria Clostridium botulinum, que pode estar presente no mel, causando o botulismo infantil.

Sucos e Sopas

Os sucos são fonte de nutrientes, e podem ajudar se oferecidos, em pequenas quantidades, após as refeições principais da criança, como forma de ajudar na absorção de ferro.

Porém, os sucos não são recomendados na hora dos lanches ou como uma refeição completa, pelo mesmo motivo das sopas: sua densidade energética é muito baixa para os bebês (caloria/grama de alimento).

Açúcares e Doces

Não é recomendado que se ofereça açúcares e doces durante a introdução alimentar, pois esse é o período em que a criança está formando seus hábitos alimentares.

Entram nesse grupo todos os tipos de açúcar (refinado, cristal, demerara, mascavo, coco) e todos os tipos de doces, como as balas, bolos, chocolates e sorvetes. Refrigerante então, nem pensar!

Alimentos Industrializados

Mais uma vez, nem pensar! Nesse grupo inclui-se as papinhas infantis, gelatinas, iogurtes, adoçantes, sucos de caixinha ou em pó, macarrão instantâneo e todos os alimentos prontos para consumo. Esses alimentos são cheios de conservantes e outras substâncias altamente prejudiciais aos bebês.

Cuidados na Introdução Alimentar

As quantidades e porções oferecidas de cada grupo de alimentos varia conforme a criança cresce, bem como a introdução de outras variedades de alimentos. É muito importante que os pais procurem um Nutricionista para que ele adeque a dieta da criança da melhor forma possível, buscando uma alimentação equilibrada e saudável.

Para saber mais sobre a importância da alimentação no desenvolvimento dos bebês, confira nosso texto “A Alimentação nos Primeiros 1000 Dias do Bebê”.

Referências:

  1. Chemin, SS. et al. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. São Paulo:Roca, 2011.
  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Dez passos para uma alimentação saudável: Guia alimentar para crianças menores de dois anos. Série A. Normas e Manuais Técnicos. 2.ed. 2.reimp. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://www.redeblh.fiocruz.br/media/10palimsa_guia13.pdf
  3. Cereser, ND. et al. Botulismo de Origem Alimentar. Ciência Rural. 2008; 38(1):280-287. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cr/v38n1/a49v38n1.pdf

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