Zeaxantina: para que serve, benefícios e como usar

Zeaxantina deriva do nome científico do milho, Zea mays, mais xanthos, que em grego significa “amarelo”.

A zeaxantina pertence a uma classe de carotenóides – as xantofilas!

Encontrada naturalmente em alimentos de origem vegetal. As principais fontes são as frutas e os legumes amarelos e laranjas, além de verduras verde escuras, óleos e oleaginosas.

É muito comum ouvirmos falar da zeaxantina e da luteína, que também é uma xantofila. Na verdade, a zeaxantina e a luteína possuem a mesma fórmula química, a única diferença entre as duas moléculas é a localização de uma ligação dupla de um dos anéis aromaticos.

Zeaxantina e evidências científicas

Diferentemente do alfa caroteno, beta caroteno e da criptoxantina, a luteína e a zeaxantina não podem ser convertidas em vitamina A.

Porém, evidências científicas estabelecem relação direta entre o consumo desses dois últimos pigmentos e a proteção contra o desenvolvimento de doenças oftálmicas (degeneração macular e catarata), retinopatia diabética e câncer, entre outras.

A zeaxantina está presente em altas concentrações na mácula ocular

A mácula do olho humano é a parte do olho responsável pela visão central, necessária para a condução da visão e para o foco na leitura.

Dentro da mácula central, a zeaxantina predomina, enquanto na retina periférica, a luteína predomina.

Dados recentes do Conselho Brasileiro de Oftalmologia estimam que aproximadamente 2,9 milhões de brasileiros, com mais de 65 anos de idade, apresentem casos de degeneração macular.

Com o aumento da expectativa de vida, é natural que este número se eleve, daí a importância desses micronutrientes à saúde humana.

Existem estudos que comprovam a relação entre baixas concentrações plasmáticas de zeaxantina e o risco de desenvolver degeneração macular relacionada à idade (DMRI).

De maneira bem simples, o que acontece é que a luz azul visível demonstrou ser prejudicial aos fotorreceptores do olho e é aí que a luteína e a zeaxantina entram, uma vez que elas demonstraram absorver a luz azul. Estudos clínicos mostraram que os pacientes com DMRI que começaram a tomar regularmente complexos à base dessas xantofilas, após o diagnóstico inicial, apresentaram retorno dos níveis do pigmento macular aos da faixa normal.

Da mesma maneira, outros estudos comprovaram que os carotenóides luteína e zeaxantina possuem papel importante na manutenção da distribuição celular do epitélio pigmentário da retina, que é responsável pelo bom funcionamento das células fotorreceptoras. O funcionamento irregular deste complexo pode levar à degeneração das células e redução da acuidade visual.

Além disso, também é investigado se o consumo de altos níveis desse carotenóide na dieta habitual pode levar a níveis também elevados nos tecidos do corpo, em particular nos olhos. Isto pode conferir efeitos benéficos à saúde, incluindo redução no risco de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) pelos seus efeito antioxidantes.

Neste sentido, algumas pesquisas mostraram que a zeaxantina é um forte antioxidante, sendo capaz de proteger a retina contra um radical livre formado pela combinação de radicais de superóxido e de óxido.

Para que serve a zeaxantina?

Como vimos anteriormente, a zeaxantina tem um papel fundamental na saúde dos olhos, prevenindo doenças como catarata, DMRI, entre outras.

Também vale mencionar que para pessoas com diabetes, a ingestão desses pigmentos é ainda mais importante, por causa do risco aumentado de possíveis cegueiras.

Além das funções descritas, alguns estudos também têm associado a suplementação dessa substância (em conjunto com a luteína) com proteção contra câncer de próstata.

Outras funções da zeaxantina…

Em 2006, os resultados de um estudo apresentado durante os trabalhos da Beyond Beauty Conference em Paris comprovaram que compostos presentes em vegetais folhosos, especialmente luteína e zeaxantina, que são largamente utilizados na forma de suplementos nutricionais para a saúde ocular também aumentam a hidratação, elasticidade e distribuição dos lipídeos de superfície na pele humana, além de proteger esse órgão contra a peroxidação desses lipídeos.

O estudo foi conduzido pelo Prof. Dr. Pierfrancesco Morganti e seus colegas, que na época era professor titular de Dermatologia Cosmética Aplicada na Universidade de Nápoles (Itália).

Nele, mulheres entre 25 e 50 anos de idade foram recrutadas e agrupadas em quatro grupos de investigação:

  1. receberam a quantidade de 10 mg de luteína e zeaxantina na forma oral;
  2. aplicaram uma fórmula tópica contendo 50 ppm de luteína/zeaxantina;
  3. utilizaram simultaneamente uma combinação de luteína oral e tópica;
  4. receberam placebos durante um período de 12 semanas.

Os investigadores confirmaram que a administração oral, tópica e combinação oral/tópica estão significativamente associadas com melhorias na elasticidade da pele, hidratação e níveis de lipídeos superficiais, além de estarem associadas a redução da peroxidação de lipídeos.

Além disso, foi possível concluir que os maiores benefícios foram fornecidos pela combinação de uso oral e tópico, resultando em 60% de aumento na hidratação, 20% de aumento na elasticidade, 50% de elevação nos níveis de lipídeos superficiais e impressionantes 65% de diminuição na peroxidação desses lipídeos.

Esse estudo ratificou as descobertas de inúmeros trabalhos anteriores, que sugeriram que a suplementação nutricional com esses carotenoides auxilia na proteção contra danos provocados pelo sol e luz artificial.

Benefícios da Zeaxantina

Como benefícios da zeaxantina podemos citar, ao menos:

  1. Prevenção de doenças oftálmicas (degeneração macular e catarata) e retinopatia diabética;
  2. Prevenção de alguns tipos de câncer (como o de próstata e de pele);
  3. Melhora a hidratação e elasticidade da pele;
  4. Retarda o envelhecimento da pele (através da sua função antioxidante);
  5. Efeito protetor contra aterosclerose (entupimento das veias com gorduras, colesterol e outros, principalmente quando em associação com outros micronutrientes).

Como usar a zeaxantina?

Além das fontes alimentares, a zeaxantina também pode ser consumida via suplementação.

Atualmente ainda não há uma recomendação específica sobre a quantidade diária de zeaxantina que uma pessoa deve consumir, mas a maioria dos estudos sugere a ingestão de, pelo menos, seis miligramas (6mg) por dia para obter os efeitos benéficos.

Por outro lado, o uso de zeaxantina tem sido extensivamente testado em animais e humanos em níveis muito acima da dose máxima diária recomendada de 10 miligramas, sem observação de toxicidade.

Também ainda não está claro o quanto de zeaxantina é necessário diariamente para a proteção adequada da visão. E ainda são necessárias novas pesquisas para determinar se suplementos têm o mesmo efeito que a ingestão de zeaxantina através de fontes alimentares.

A fonte de zeaxantina frequentemente usada na fabricação de suplementos são as pimentas vermelhas.

Neste sentido, vale ressaltar que se você optar pela suplementação, certifique-se que se trata de um produto de alta qualidade, fabricado por uma empresa confiável. 

Além disso, é importante citar que a substância é reconhecida pelo FDA americano, o departamento que controla medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, e é atestada por eles como segura.

No Brasil, o produto possui registro na categoria de substância bioativa e probiótico isolado com alegação de propriedades funcionais e/ou de saúde.

Lembre-se, no entanto, que tomar suplementos não substitui uma dieta saudável!

Alimentar-se com uma dieta bem equilibrada com abundância de frutas e legumes é uma maneira excelente de obter os nutrientes que seu olho e o resto do corpo precisa.

E os efeitos colaterais???

Não existem efeitos colaterais conhecidos ou interações negativas de zeaxantina com outras drogas. Os indivíduos que excedem o nível máximo diário recomendado para adultos, que é de dez miligramas, ou que comem grandes quantidades de cenouras ou frutas amarelas e verdes cítricos, podem desenvolver uma coloração amarelada inofensiva da pele chamada carotenemia.

Referências:

  1. Nebeling LC, Forman MR, Graubard BI, Snyder RA, Changes in carotenoid intake in the United States: the 1987 and 1992 National Health Interview Surveys, J Am Diet Assoc, 1997;97(9):991–6.
  2. Wooten BR, Hammond BR, Macular pigment: influences on visual acuity and visibility, Prog Retin Eye Res, 2002;21(2):225–40.
  3. Ambrosio, C. L. B. et al. Carotenóides como alternativa contra hipovitaminose A. Rev. Nutr., v. 19, n. 2, p. 233-243, 2006.
  4. Morganti P, Bruno C, Fabrizi G, Valenzano F, DelCioto P and Morganti G. The Antioxidant Network of Skin and Eye. Efficacy of carotenoids. J Appl Cosmetol 22;July/September 2004,133-142.
  5. Akuffo, K. O., Nolan, J. M., Peto, T., Stack, J., Leung, I., Corcoran, L., & Beatty, S. Relationship between macular pigment and visual function in subjects with early age-related macular degeneration. The British Journal of Ophthalmology101(2), 190–197, 2017. Disponível em: http://doi.org/10.1136/bjophthalmol-2016-308418.
  6. Abdel-Aal, E.-S. M., Akhtar, H., Zaheer, K., & Ali, R. Dietary Sources of Lutein and Zeaxanthin Carotenoids and Their Role in Eye Health. Nutrients5(4), 1169–1185, 2013; Disponível em: http://doi.org/10.3390/nu5041169.
  7. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Disponível em: https://www.smerp.com.br/anvisa/?ac=prodDetail&anvisaId=622340074.

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